São Paulo, sábado, 12 de julho de 2008

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memória

Com eleição à vista, Chávez soma recuos

DO "FINANCIAL TIMES"

Desde o final do ano passado, quando sofreu seu primeiro revés eleitoral em quase uma década na Presidência da Venezuela, Hugo Chávez vem sendo forçado a recuar em várias frentes, das quais sua mudança de atitude sobre as Farc é só uma.
Na economia, o presidente, que enfrenta uma inflação de mais de 30%, vem cortejando os empresários numa tentativa de aumentar os investimentos. Ele afrouxou os controles de preços e procura desencorajar a demanda, elevando os juros e reduzindo os gastos. E anunciou a revogação do imposto sobre as transações financeiras.
Chávez também abriu mão de uma lei da educação contra a qual a classe média se insurgira, temendo que seus filhos fossem doutrinados em socialismo, e revogou uma lei de espionagem que gerou protestos de grupos de defesa dos direitos humanos.
"Alguns dizem que Chávez está recuando. Quem quiser enxergar as coisas assim pode enxergá-las assim. Eu sigo adiante", disse o presidente.
O general da reserva Raúl Baduel, ex-ministro da Defesa que rompeu com Chávez, acha que a mudança é temporária: "Tudo o que Chávez faz é voltado à criação das condições para a conquista de sua meta única: perpetuar-se no poder".
Rocío San Miguel, da ONG de Caracas Controle Cidadão, diz que um processo decisório caótico resulta em leis frágeis e contraditórias. "A administração pública de Chávez está dando sinais de deterioração", diz ela.
O pesquisador Luis Vicente León argumenta que a posição mais moderada de Chávez data de sua derrota no referendo de 2007, quando propôs mudanças na Constituição que teriam centralizado mais o poder. Ele observa que o presidente ainda detém alto índice de aprovação, superado na região apenas pelo colombiano Uribe.
As eleições estaduais e municipais de novembro representam o maior obstáculo que Chávez terá que superar no curto prazo. Muitos analistas vêem sua atitude atual como parte de uma estratégia para reconquistar o apoio perdido desde sua reeleição, em 2006, principalmente na classe média. "Chávez interpretou mal os resultados dessa eleição e se excedeu", diz Daniel Hellinger, acadêmico americano especializado na Venezuela.


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