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memória
Com eleição à vista, Chávez soma recuos
DO "FINANCIAL TIMES"
Desde o final do ano passado, quando sofreu seu primeiro revés eleitoral em
quase uma década na Presidência da Venezuela, Hugo
Chávez vem sendo forçado a
recuar em várias frentes, das
quais sua mudança de atitude sobre as Farc é só uma.
Na economia, o presidente, que enfrenta uma inflação
de mais de 30%, vem cortejando os empresários numa
tentativa de aumentar os investimentos. Ele afrouxou os
controles de preços e procura desencorajar a demanda,
elevando os juros e reduzindo os gastos. E anunciou a revogação do imposto sobre as
transações financeiras.
Chávez também abriu mão
de uma lei da educação contra a qual a classe média se
insurgira, temendo que seus
filhos fossem doutrinados
em socialismo, e revogou
uma lei de espionagem que
gerou protestos de grupos de
defesa dos direitos humanos.
"Alguns dizem que Chávez
está recuando. Quem quiser
enxergar as coisas assim pode enxergá-las assim. Eu sigo
adiante", disse o presidente.
O general da reserva Raúl
Baduel, ex-ministro da Defesa que rompeu com Chávez,
acha que a mudança é temporária: "Tudo o que Chávez
faz é voltado à criação das
condições para a conquista
de sua meta única: perpetuar-se no poder".
Rocío San Miguel, da ONG
de Caracas Controle Cidadão, diz que um processo decisório caótico resulta em
leis frágeis e contraditórias.
"A administração pública de
Chávez está dando sinais de
deterioração", diz ela.
O pesquisador Luis Vicente León argumenta que a posição mais moderada de Chávez data de sua derrota no referendo de 2007, quando
propôs mudanças na Constituição que teriam centralizado mais o poder. Ele observa
que o presidente ainda detém alto índice de aprovação,
superado na região apenas
pelo colombiano Uribe.
As eleições estaduais e municipais de novembro representam o maior obstáculo
que Chávez terá que superar
no curto prazo. Muitos analistas vêem sua atitude atual
como parte de uma estratégia para reconquistar o apoio
perdido desde sua reeleição,
em 2006, principalmente na
classe média. "Chávez interpretou mal os resultados
dessa eleição e se excedeu",
diz Daniel Hellinger, acadêmico americano especializado na Venezuela.
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