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Vaticano pediu por criminosos
de Buenos Aires
O presidente da Argentina em
1946, general Juan Domingo Perón, recebeu pressões do Vaticano
para receber no país colaboradores do regime nazista, de acordo
com documentos encontrados pela Ceana.
Em julho daquele ano, o então
embaixador argentino no Vaticano, Luís Castiñera, enviou carta ao
ministro das Relações Exteriores
de Perón, Juan Bramuglia, pedindo para a Argentina receber homens abrigados na Itália que não
podiam voltar aos seus respectivos
países de origem.
O governo italiano do pós-guerra abrigava cúmplices do nazi-fascismo, que não podiam voltar ao
país natal pois eram procurados
pela Justiça e temiam algum outro
tipo de vingança. Boa parte desses
homens eram sérvios ou croatas.
O diplomata Castiñera mencionou o interesse do então papa, Pio
12, no "plano de ação" para permitir a imigração dos colaboradores do regime nazi-fascista.
Franceses
Outro documento rastreado pela
Ceana confirma a atenção da Igreja Católica, na época, com esses
colaboradores.
Em maio de 46, o cardeal Eugenio Tisserand, responsável pelas
missões do Vaticano na Europa do
Leste, solicitou a Luís Castiñera
vistos argentinos para duas famílias francesas de colaboradores.
Segundo o cardeal, as famílias tiveram "atitudes políticas durante
a recente guerra que as deixariam
expostas a medidas de rigor e vingança caso regressem à França".
Na carta, Tisserand afirma que
conversou com o monsenhor argentino Antonio Caggiano antes
de pedir o visto para as famílias
dos colaboradores nazi-fascistas.
Caggiano teria dito ao cardeal que
a Argentina estaria disposta a receber os franceses.
Em 1960, em artigo publicado
pelo jornal argentino "La Razón",
Caggiano afirmou que a "obrigação dos cristãos" era perdoar o
que os integrantes do regime fascista fizeram.
Eichmann
Naquele ano, Adolf Eichmann,
mentor da "solução final", plano
de ação responsável pela morte de
6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra, foi sequestrado na
Argentina por israelenses. Numa
operação ilegal, foi levado a Israel,
julgado e condenado à morte.
Segundo Caggiano, ele havia
chegado à Argentina em busca de
perdão.
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