São Paulo, segunda-feira, 12 de agosto de 2002 |
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COLÔMBIA Cadeiras seriam reservadas para guerrilheiros que abandonassem as armas; plano prevê redução do Legislativo Uribe oferece vagas no Congresso a rebeldes
M.Á. BASTENIER Pergunta - Daqui a quatro anos,
quando o sr. entregar o posto a seu
sucessor, um espetáculo assim ainda será possível? Pergunta - A embaixadora dos EUA, Anne Patterson, deu uma declaração há algumas semanas impondo sua política ao governo colombiano, mas nem a mídia, com a exceção de um artigo no diário "El Tiempo", nem o governo reagiram contra o que foi classificado pelos outros países como uma intromissão na política nacional. Uribe - Se você não quer que lhe digam o que fazer, é bom se antecipar, e, se lhe indicam coisas úteis, é bom reconhecê-las sem vaidade, pois vão lhe fazer bem. Pergunta - A reforma política que
o sr. propõe prevê a possibilidade
de reservar cadeiras no Congresso
para os grupos armados que entrem no âmbito da legalidade.
Uribe - A igreja, de acordo com a
administração do ex-presidente
Andrés Pastrana, esteve em contato com eles, e vou encaminhar
às Nações Unidas tudo o que possa cristalizar essas conversações.
Pedi à ONU que exerça uma mediação com todos os grupos guerrilheiros e paramilitares. Na quinta passada o secretário-geral [da
ONU" Kofi Annan me confirmou
que havia falado com as FARC.
Por outro lado, reservar cadeiras
no Congresso aos grupos armados que se submetam ao império
da lei é uma solução nossa. Pergunta - O sr. pedirá à imprensa que adote um código de conduta em apoio à luta contra a guerrilha? Uribe - Não pedirei nada. Francisco Santos, meu vice e que também é jornalista, se reunirá com seus colegas para ver como a imprensa pode colaborar na luta contra o terrorismo, mas já está demonstrado que não é útil conduzir o combate do Estado contra os guerrilheiros estabelecendo limitações para a imprensa. Pergunta - Como serão esses soldados de apoio que o sr. pretende recrutar entre a população civil? Uribe - Eles receberão treinamento militar, mas continuarão sendo civis e se dedicando a seus afazeres particulares. Receberão um salário muito modesto, e não sei ainda se receberão armamentos, porque tenho muito medo das consequências de armas em mãos imprudentes. Precisamos estar seguros de que esses colaboradores não se servirão de sua força para resolver questões pessoais. É possível, entretanto, que essa prestação seja substitutiva do serviço militar. Pergunta - A reforma política que
traz em seu bojo o suicídio do Congresso -antecipando as eleições
para formar uma só câmara, muito
mais reduzida, e eliminando a gestão de recursos próprios pelos congressistas- parece que só poderá
ser aprovada por meio de um referendo, porque nem sequer aqueles
que apóiam o sr. acham necessário
um sacrifício tão grande.
Uribe - No dia de minha posse,
apresentei oficialmente uma petição para a realização de uma consulta à população, que ocorrerá,
como prevê a Constituição, seis
meses depois. O projeto do referendo está em curso.
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