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TERROR EM LONDRES
Governo pretende deportar todos os detidos, que são acusados de conspirar contra a "segurança nacional"
Londres prende 10 estrangeiros por "ameaça"
DA REDAÇÃO
A polícia do Reino Unido deteve ontem, com o auxílio de agentes da Imigração, dez estrangeiros
sob a alegação de que são "uma
ameaça à segurança nacional", e o
governo britânico informou que
os pretende deportar.
Entre os detidos está o clérigo
palestino Omar Mahmood Abu
Omar, conhecido como Abu Qatada e suspeito de ter ligações com
a Al Qaeda. Qatada, que tem passaporte jordaniano, havia obtido
asilo do Reino Unido em 1993.
O anúncio provocou reações
negativas de grupos de defesa dos
direitos humanos, principalmente quanto à intenção de deportar
os detidos. A advogada Gareth
Peirce, que defende sete dos dez
estrangeiros, entre eles Qatada
-e que também representa a família do brasileiro Jean Charles de
Menezes, assassinado pela polícia
britânica em 22 de julho-, afirmou que as dez pessoas "foram
arrastadas para a prisão, e o acesso a elas nos foi negado". "Agora,
tudo bem se deportarem pessoas
que por anos o governo afirmou
que não seria seguro deportar.
Fantástico!", adicionou Peirce,
comentando com ironia a intenção de deportação.
O comentário da advogada vem
a propósito de o governo britânico ser signatário da Convenção
Européia sobre Direitos Humanos, a qual estabelece que não se
pode deportar nenhuma pessoa a
países em que elas corram risco
de sofrer maus-tratos e tortura.
A fim de contornar esse impedimento, o Reino Unido tenta assinar acordos bilaterais com dez
países, que assumiriam a responsabilidade de garantir os direitos
dos deportados. Entre esses países estão Argélia, Líbano, Egito e
Tunísia. Com a Jordânia um acordo já foi assinado, anteontem. Daí
o receio de Peirce de que Qatada
seja deportado logo.
O ativista de direitos humanos e
enviado especial da ONU para assuntos relativos a tortura Manfred Nowak disse à agência de notícias Associated Press que esses
pequenos acordos que os britânicos pretendem firmar não têm
significância em face das leis internacionais e não são suficientes
para proteger os deportados.
Já Mike Blakemore, um dos
porta-vozes da Anistia Internacional, foi mais direto, dizendo
que "as garantias dadas por notórios torturadores não valem o papel em que são escritas".
Sobre as detenções e eventuais
deportações, o ministro do Interior, Charles Clarke, afirmou que
a situação mudou desde os atentados a Londres de 7 de julho e
que é necessário agir contra as
ameaças ao país. Segundo Clarke,
as prisões têm respaldo na Lei de
Imigração do Reino Unido.
Hazel Blears, secretário do ministério comandado por Clarke,
observou que, no acordo entre os
governos britânico e jordaniano,
existe um "mecanismo independente" para monitorar o tratamento dos deportados.
21 de julho
A polícia britânica informou
ontem que, no último domingo,
prendeu seis pessoas sob suspeita
de conexão com as tentativas de
atentado de 21 de julho. As autoridades não deram mais detalhes
sobre as detenções.
Na Itália, foi iniciado o processo
de extradição de um suspeito de
participar das tentativas de 21 de
julho. O etíope naturalizado britânico Osman Hussein deve ser extraditado a pedido de Londres.
Na capital britânica, o escritor
anglo-indiano Salman Rushdie,
que em 1989 foi sentenciado à
morte pelo aiatolá Khomeini, publicou ontem artigo no jornal "Times" defendendo que haja uma
reforma no islã, a fim de que sejam modernizados os conceitos
fundamentais da religião e que ela
interesse mais aos jovens.
Com agências internacionais
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