São Paulo, sexta-feira, 12 de agosto de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Israel isola colônias

Protesto contra saída de Gaza reúne 50 mil

Yoav Lemmer/France Presse
Manifestantes protestam em Tel Aviv contra remoção de colonos judeus de territórios palestinos


DA REDAÇÃO

Pelo menos 50 mil opositores do plano de retirada israelense de Gaza, segundo a estimativa oficial, fizeram uma manifestação ontem em Tel Aviv, para marcar posição contra a remoção de assentamentos judaicos dos territórios palestinos, programada para começar na próxima quarta-feira.
O governo do premiê Ariel Sharon, porém, continuou a preparar a operação, que prevê a extinção de todos os 21 assentamentos da faixa de Gaza e de quatro na Cisjordânia. Pouco antes do protesto, havia sido proibida a entrada de não-residentes nos assentamentos de Gaza, para interromper o fluxo de ortodoxos que visam impedir a retirada.
Essa medida foi tomada dois dias antes do que se previa inicialmente, o que deixou clara a preocupação com a resistência que pode ser enfrentada no esvaziamento dos assentamentos.
Na manifestação, os participantes tomaram em Tel Aviv a praça Rabin, que homenageia o premiê assassinado Yitzhak Rabin. Os organizadores do protesto falaram em 300 mil presentes, mas a estimativa oficial foi de 50 mil, enquanto a mídia israelense divulgou que foram 100 mil. Anteontem, uma multidão de 100 mil pessoas já havia sido reunida para protestar diante do Muro das Lamentações, em Jerusalém.
Os manifestantes de ontem exibiram faixas com dizeres como "Gaza livre dos judeus dá boas vindas à Al Qaeda" e "Desocupar é igual a limpeza étnica de judeus". Discursando para a multidão, Benzi Lieberman, um dos líderes dos colonos, disse: "Antes de expulsar as pessoas de suas casas, um plano assim devia ter sido votado em eleição ou referendo".
Yuval Porat, outro líder dos colonos, afirmou que a próxima medida seria enviar nesta segunda-feira "centenas" de ativistas para tentar furar os bloqueios e entrar em Gaza.
Enquetes mostram que o plano de Sharon tem mais partidários do que opositores entre os israelenses, mas a vantagem não é grande. Os EUA também apóiam. "Acredito que a decisão [de remoção dos assentamentos] vá ser boa para Israel", declarou o presidente George W. Bush em entrevista exibida ontem por um canal de TV israelense.

Condenação
Um tribunal militar de Israel condenou ontem um ex-sargento a oito anos de prisão pela morte, em 2003, de um ativista britânico que tentava proteger civis palestinos durante conflitos em Gaza. Foi a pena mais dura aplicada a um soldado israelense por ações em combate desde o início da Intifada (revolta palestina contra a ocupação), há cinco anos.
Tom Hurndall morreu em janeiro de 2004 em Londres, aos 22 anos, após ter ficado nove meses em coma. Ele fora atingido quando tentava ajudar crianças a fugir dos tiros em Rafah.
O advogado do ex-sargento Taysir Hayb afirmou que seu cliente, da etnia minoritária dos beduínos, não havia tido condições de montar uma equipe de defesa apropriada.
O Ministério do Interior britânico se declarou satisfeito com a condenação. "Esperamos que traga alívio para a família."
A Human Rights Watch acusa Israel de investigar menos de 5% dos casos de civis palestinos mortos na atual Intifada. As Forças Armadas do país alegam que se esforçam para evitar mortes de civis e que fazem apurações quando há suspeita de má conduta.

Com agências internacionais

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