DE WASHINGTON

Nos últimos oito meses, o governo norte-americano esforçou-se para obter recursos e apoio político para construir um escudo antimíssil que fortaleceria o sistema de defesa dos EUA. Curiosamente, se estivesse em operação ontem, tal escudo não evitaria que os atentados fossem cometidos.
"A defesa dos EUA tem tantos buracos como um queijo suíço", disse Brian Jenkins, especialista em assuntos ligados a terrorismo. "Não é preciso um ataque externo para explorá-los. O perigo interno é maior."
William Cohen, secretário de Defesa norte-americano no governo Bill Clinton, disse que, pela proximidade entre o Pentágono e o aeroporto Ronald Reagan, a vulnerabilidade do prédio atacado ontem em Washington sempre foi evidente.
"A idéia de um avião comercial atingindo o Pentágono intencionalmente ou de forma criminosa sempre cruzou minha mente", disse ele. "Discutíamos escudos antimíssil, mas, no fundo, sempre temi o impacto de aviões comerciais."
Marious Deeb, especialista em assuntos ligados a terrorismo da American University, disse que o episódio de ontem só pôde ocorrer por causa da conjunção de várias falhas. "Num primeiro momento, fica óbvio que houve falha de inteligência, de segurança nos aeroportos e incapacidade de proteção do espaço aéreo ao redor do Pentágono", disse ele. "Algo terá de ser feito daqui em diante, mas será difícil garantir, ao mesmo tempo, a segurança nacional e respeitar as liberdades individuais de grupos de estrangeiros dentro do país."
Segundo Deeb, os serviços de inteligência terão de elevar o número de telefones e de comunidades monitoradas e aumentar o rigor dos serviços de inspeção nos aeroportos. "Pelo nosso sistema, deve haver um equilíbrio entre a necessidade de segurança e a obediência aos direitos individuais. É difícil combater o terrorismo sem alterar esse equilíbrio."

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