São Paulo, quarta-feira, 12 de setembro de 2001

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Retaliações de Washington são frequentes

THAIS ABRAHÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Retaliações vindas de Washington são frequentes, cada vez que algum americano sofre violência de grupos extremistas.
Em outubro de 1985, o navio italiano Achille Lauro partiu do porto de Gênova com 1.119 pessoas a bordo com destino às ilhas gregas. Dentre os passageiros, quatro sequestradores, que exigiam a libertação de 50 palestinos presos em Israel. A morosidade nas negociações levou à morte com um tiro na testa o americano Leon Klinghoffer, 69, paralítico.
Mesmo após a rendição do grupo -em troca de salvo-conduto oferecido pelo governo do Egito-, que já estava a bordo de um Boeing egípcio, dez aviões americanos desviaram o curso da aeronave, obrigando-a a descer numa base da Organização do Tratado do Atlântico Norte, na Sicília.
Ao sequestrar os sequestradores, o presidente Ronald Reagan havia obtido uma grande vitória: numa retaliação cinematográfica, além de julgado pelo sequestro do navio, o grupo responderia também pela morte do americano.
Quando dois atentados atribuídos a terroristas líbios na Europa mataram cinco americanos, entre eles uma menina de 7 anos, em janeiro de 1986, Reagan decretou um embargo econômico total à Líbia, do ditador Muamar Kadafi, acusado de financiar terroristas.
Em março, os EUA mostraram o seu poderio militar ao explodir uma base de mísseis em território líbio, destruindo três navios inimigos. O motivo: a Líbia havia estendido o limite das águas territoriais do país para 120 milhas de suas praias, quando por tratados internacionais, consideram-se 12 mil milhas da costa de uma nação.
Em outro ataque à Líbia, em 15 de abril de 1986, uma esquadrilha de 77 aviões americanos bombardeou a capital, Trípoli, matando mais de cem pessoas, entre elas a filha de Kadafi e deixando Camis, seu filho mais novo, ferido.
Em revide, no mesmo ano, o ataque a uma danceteria em Berlim deixou dois americanos mortos. Três anos depois, o vôo 103 da Pan Am sofreu um ataque do grupo Guardiões da Revolução Islâmica e caiu sobre Lockerbie, na Escócia, matando 275 pessoas.
O ataque ao petroleiro americano "Sea Isle City" por parte do Irã, em outubro de 1987, levou os EUA a bombardear duas plataformas de petróleo no golfo Pérsico e cinco navios de guerra iranianos. Não houve vítimas.
Mesmo com o aumento na segurança, nos anos 90 intensificaram-se os ataques a embaixadas americanas e pontos-chave de grandes cidades dos EUA.
O World Trade Center havia sido alvo de uma bomba em 1993, que deixou 1.002 feridos e seis mortos, ataque reconhecido pelo grupo fundamentalista islâmico Jihad, em razão da "política americana para o Oriente Médio". O mesmo que três anos depois, em razão da prisão na Albânia de alguns de seus integrantes, explodiu uma bomba na embaixada americana em Nairóbi, matando seis cidadãos norte-americanos.
Desde o final da década de 90, o fantasma Osama Bin Laden assombra os EUA. Enquanto o milionário saudita -pelo qual é oferecida uma recompensa de US$ 5 milhões- se afirmava responsável pelas explosões nas embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998, com o saldo de 224 mortos, em resposta, os EUA bombardeavam países teoricamente financiados por Laden, como Afeganistão e Sudão.
O ataque a este último, cujo alvo era uma fábrica que produziria material para armas químicas, causou mal-estar na comunidade internacional, pois só haveriam civis no local.

Leia mais sobre os atentados nos EUA na Folha Online


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