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Apesar de alerta, NY faz ato "relaxado"
Cerimônia para lembrar dois anos do ataque ao WTC não teve segurança ostensiva, em meio a nova advertência sobre risco de atentados
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
No dia em que Nova York lembrou os dois anos dos atentados
do 11 de Setembro, o Departamento de Estado dos EUA alertou
os americanos sobre indícios de
que a Al Qaeda estaria planejando
novas ações terroristas.
O alerta foi endereçado principalmente aos cidadãos americanos no exterior, sobretudo na Europa e na Ásia. "Com o segundo
aniversário dos ataques de 11 de
setembro de 2001 contra nós, vemos crescentes indicações de que
a Al Qaeda está planejando atacar
interesses dos EUA no exterior",
afirma o comunicado.
De acordo com o governo americano, a Al Qaeda estaria planejando realizar ataques com armas
não-convencionais, como agentes
biológicos e químicos.
A despeito dessas preocupações, a cerimônia oficial do 11 de
Setembro em Nova York, ontem,
não contou com um esquema de
segurança ostensivo.
Nem as famílias das vítimas
nem a imprensa -únicos que
puderam se cadastrar para o
evento- passaram por barreiras
com instrumentos de monitoramento, como detetor de metais.
Essa, aliás, foi uma solicitação do
prefeito de Nova York, Michael
Bloomberg. "A logística para essa
operação seria muito complicada.
Isso levaria horas e poderia ser inconveniente para as famílias",
justificou Bloomberg.
A opção por uma vigilância
"mais relaxada" foi apontada como o motivo pelo qual o prefeito
pediu que o vice-presidente americano, Dick Cheney, não comparecesse ao evento.
"Foi melhor o vice-presidente
não ter vindo. Essa é uma cerimônia para as famílias. Nós não precisamos de políticos por aqui",
afirmou Barbara Simpson, tia de
John Resta, um contador morto
no atentado às torres do World
Tarde Center.
A cerimônia
Um rufar de tambores seguido
por um longo silêncio marcou o
início da cerimônia oficial do segundo aniversário dos ataques.
Às 8h46 (9h46 em Brasília), outro
minuto de silêncio. Nesse hora, há
dois anos, o primeiro avião atingiu a torre norte do WTC.
O mesmo silêncio foi repetido
outras três vezes: às 9h03, às 9h59
e às 10h29. Os horários fazem referência aos momentos em que
que a torre sul foi atacada e também aos instantes em que as partes sul e norte do prédio, respectivamente, desmoronaram.
As pausas eram entrecortadas
por crianças que fizeram a leitura
dos nomes das 2.762 pessoas
mortas no World Trade Center.
As 200 crianças escolhidas tinham algum grau de parentesco
com as vítimas. À menção de cada
nome, os familiares desciam uma
rampa de acesso à antiga base das
torres. Um total de 180 mil flores
foi fornecido pela prefeitura nova-iorquina para que as famílias
prestassem suas homenagens.
Toda a área foi cercada por cartazes pintados pelas próprias
crianças. "Eu me lembro do meu
pai me carregando no colo", lia-se
em um dos cartazes.
"Sinto saudades dos piqueniques com a minha mãe", lia-se em
outro. Muitos, porém, eram desenhos das torres em chamas ou
apenas rabiscos. As pinturas das
crianças fazem parte de um programa de terapia coletiva coordenado por psicólogos da prefeitura
local e do governo do Estado de
Nova York.
A cerimônia no Ponto Zero não
foi um palanque de discursos inflamados. O tom solene prevaleceu em todos os momentos. Em
rápida aparição, o atual prefeito
mencionou que as crianças foram
escolhidas para simbolizar a esperança de um futuro pacífico.
Já o ex-prefeito Rudolph Giuliani conferiu um tom algo mais político à sua fala. Parafraseando o
primeiro-ministro britânico
Winston Churchill (1874-1965),
Giuliani declarou: "As idéias de
democracia vão prevalecer. Temos uma longa batalha pela frente. Temos uma vitória pela frente.
Sigamos juntos."
A leitura dos nomes das vítimas
prosseguiu até o meio-dia, quando um coral de crianças da cidade
encerrou a cerimônia com a performance da canção "America
the Beautiful". A iluminação do
Ponto Zero, com dois feixes de
luz ao entardecer, também fez
parte do evento.
À tarde, o vice-presidente, Dick
Cheney, Hillary Clinton, senadora por Nova York e ex-primeira-dama americana, e o governador
do Estado, George Pataki, participaram de uma cerimônia multirreligiosa na igreja Riverside, também em Nova York.
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