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Moradora teve sensação de corpo que cai
SÉRGIO DÁVILA
EM NOVA YORK
O baque de um corpo no
chão. Foi esse o som que
Naomi Matsunaga julgou
ter ouvido pouco depois
do almoço de ontem em
seu apartamento, o 44D
das torres Belaire, atingidas pela pequena aeronave. ""Alguém se suicidou",
foi o meu pensamento",
contou à Folha, na esquina da rua 72 com a avenida
York, onde aguardava a
chegada do marido.
Um amigo ligou e disse
que estava vendo fumaça
sair de seu prédio e que ela
devia sair de lá imediatamente. Foi o que fez, depois de pegar documentos
e seu celular. Que logo começaria a tocar. Era seu
marido, Len, ligando do
trabalho. Ele tinha visto
na TV que o prédio em que
o casal mora com o filho
tinha sido atingido por um
avião. Foi impossível não
pensar no 11 de Setembro.
Nova York segurou a
respiração por alguns minutos, exatamente um
mês após o quinto aniversário dos atentados. Ao
chegar à rua, Naomi viu
um cenário que já conhecia: fumaça saindo do prédio, pedaços do prédio
despencando e pessoas
correndo, desorientadas-
algumas em pânico.
Ao longo da rua 72, porteiros dos luxuosos prédios trocavam palpites.
"Foi um avião ou helicóptero", dizia um. "Ninguém
sabe ainda se foi terrorismo", comentava outro.
De volta à esquina do
acidente, agora sob chuva
fina que piorou o caos aparente, Naomi recebia instruções do marido para
buscar o filho na escola,
que devia estar assustado
com a confusão. Enquanto
isso, ele ia buscar uma tia
que não sabia ainda que o
prédio atingido era o deles. Cada um saiu para um
lado. Antes, porém, Len
combinou uma entrevista
exclusiva às 22h com uma
emissora de TV. A vida
continua.
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