São Paulo, quinta-feira, 12 de outubro de 2006

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Moradora teve sensação de corpo que cai

SÉRGIO DÁVILA
EM NOVA YORK

O baque de um corpo no chão. Foi esse o som que Naomi Matsunaga julgou ter ouvido pouco depois do almoço de ontem em seu apartamento, o 44D das torres Belaire, atingidas pela pequena aeronave. ""Alguém se suicidou", foi o meu pensamento", contou à Folha, na esquina da rua 72 com a avenida York, onde aguardava a chegada do marido.
Um amigo ligou e disse que estava vendo fumaça sair de seu prédio e que ela devia sair de lá imediatamente. Foi o que fez, depois de pegar documentos e seu celular. Que logo começaria a tocar. Era seu marido, Len, ligando do trabalho. Ele tinha visto na TV que o prédio em que o casal mora com o filho tinha sido atingido por um avião. Foi impossível não pensar no 11 de Setembro.
Nova York segurou a respiração por alguns minutos, exatamente um mês após o quinto aniversário dos atentados. Ao chegar à rua, Naomi viu um cenário que já conhecia: fumaça saindo do prédio, pedaços do prédio despencando e pessoas correndo, desorientadas- algumas em pânico.
Ao longo da rua 72, porteiros dos luxuosos prédios trocavam palpites. "Foi um avião ou helicóptero", dizia um. "Ninguém sabe ainda se foi terrorismo", comentava outro.
De volta à esquina do acidente, agora sob chuva fina que piorou o caos aparente, Naomi recebia instruções do marido para buscar o filho na escola, que devia estar assustado com a confusão. Enquanto isso, ele ia buscar uma tia que não sabia ainda que o prédio atingido era o deles. Cada um saiu para um lado. Antes, porém, Len combinou uma entrevista exclusiva às 22h com uma emissora de TV. A vida continua.


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