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São Paulo, quarta-feira, 12 de novembro de 2003

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"OUTRA GLOBALIZAÇÃO"

Esperam-se até 60 mil participantes

Brasil faz abertura simbólica do Fórum Social Europeu na França

FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PARIS

Militantes e defensores de uma "outra globalização" estarão reunidos de hoje até sábado, em Paris, para debater alternativas às práticas neoliberais de mercado e de governo e proclamar que "um outro mundo é possível".
Sob o slogan "Construindo uma Outra Europa construindo um Outro Mundo", a segunda edição do Fórum Social Europeu (FSE) -a primeira ocorreu em 2002, em Florença- será lançada às 19h de hoje (16h horário de Brasília) na capital francesa e em Saint-Denis, Bobigny e Ivry-sur-Seine, cidades do subúrbio parisiense.
Nascido da inspiração do Fórum Social Mundial, de Porto Alegre, o encontro europeu será simbolicamente aberto em cada uma das quatro cidades francesas por representantes brasileiros: Francisco "Chico" Whitaker Ferreira, secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e membro do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, Sérgio Haddad, presidente da Abong (Associação Brasileira das ONGs); João Antônio Felício, secretário-geral da CUT, e Candido Grzybowski, diretor-geral do Ibase (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas).
Entre 50 mil e 60 mil pessoas provenientes de cerca de 60 países são esperadas para participar dos 250 seminários e 55 reuniões plenárias programados, além de uma centena de grupos de debates. Para animar as discussões, estão listados dirigentes de mais de 1.500 ONGs, sindicatos e associações diversas, além de intelectuais e representantes da sociedade civil. Os políticos, em crescente descrédito com os movimentos sociais europeus, serão minoria nos auditórios do Fórum. Sua participação se resumirá na presença de representantes de agremiações de esquerda em dois debates sobre as relações dos partidos políticos com os movimentos sociais.
Partidos de esquerda e de direita têm procurado se mostrar abertos aos temas propostos pelo Fórum, sem, no entanto, convencer os defensores da globalização alternativa. Na quinta-feira passada, o Partido Socialista francês promoveu um encontro coincidentemente batizado de "Construir um Outro Mundo", no qual o secretário-geral, François Hollande, reivindicou um lugar "modesto, mas legítimo" no movimento protagonizado pelos participantes do FSE.
No dia seguinte, o presidente francês, Jacques Chirac, instituiu um grupo de trabalho para discutir formas de tributações financeiras internacionais voltadas para diminuir as desigualdades provocadas pela globalização.
Os debates do encontro estarão centrados em questões européias, como o projeto de nova Constituição para o continente, o papel da União Européia e o confronto com os Estados Unidos e problemas da imigração e xenofobia, mas também haverá espaço para temas relacionados à Organização Mundial do Comércio, às relações Norte-Sul e à experiência do governo Luiz Inácio Lula da Silva. Entre outros participantes brasileiros no FSE estarão o coordenador nacional do MST João Pedro Stedile e o petista Plínio de Arruda Sampaio Jr.


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