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"OUTRA GLOBALIZAÇÃO"
Esperam-se até 60 mil participantes
Brasil faz abertura simbólica do Fórum Social Europeu na França
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, EM PARIS
Militantes e defensores de uma
"outra globalização" estarão reunidos de hoje até sábado, em Paris, para debater alternativas às
práticas neoliberais de mercado e
de governo e proclamar que "um
outro mundo é possível".
Sob o slogan "Construindo uma
Outra Europa construindo um
Outro Mundo", a segunda edição
do Fórum Social Europeu (FSE)
-a primeira ocorreu em 2002,
em Florença- será lançada às
19h de hoje (16h horário de Brasília) na capital francesa e em Saint-Denis, Bobigny e Ivry-sur-Seine,
cidades do subúrbio parisiense.
Nascido da inspiração do Fórum Social Mundial, de Porto
Alegre, o encontro europeu será
simbolicamente aberto em cada
uma das quatro cidades francesas
por representantes brasileiros:
Francisco "Chico" Whitaker Ferreira, secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz
da CNBB (Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil) e membro
do Conselho Internacional do Fórum Social Mundial, Sérgio Haddad, presidente da Abong (Associação Brasileira das ONGs); João
Antônio Felício, secretário-geral
da CUT, e Candido Grzybowski,
diretor-geral do Ibase (Instituto
Brasileiro de Análises Sociais e
Econômicas).
Entre 50 mil e 60 mil pessoas
provenientes de cerca de 60 países
são esperadas para participar dos
250 seminários e 55 reuniões plenárias programados, além de
uma centena de grupos de debates. Para animar as discussões, estão listados dirigentes de mais de
1.500 ONGs, sindicatos e associações diversas, além de intelectuais
e representantes da sociedade civil. Os políticos, em crescente descrédito com os movimentos sociais europeus, serão minoria nos
auditórios do Fórum. Sua participação se resumirá na presença de
representantes de agremiações de
esquerda em dois debates sobre
as relações dos partidos políticos
com os movimentos sociais.
Partidos de esquerda e de direita têm procurado se mostrar
abertos aos temas propostos pelo
Fórum, sem, no entanto, convencer os defensores da globalização
alternativa. Na quinta-feira passada, o Partido Socialista francês
promoveu um encontro coincidentemente batizado de "Construir um Outro Mundo", no qual
o secretário-geral, François Hollande, reivindicou um lugar
"modesto, mas legítimo" no movimento protagonizado pelos
participantes do FSE.
No dia seguinte, o presidente
francês, Jacques Chirac, instituiu
um grupo de trabalho para discutir formas de tributações financeiras internacionais voltadas para
diminuir as desigualdades provocadas pela globalização.
Os debates do encontro estarão
centrados em questões européias,
como o projeto de nova Constituição para o continente, o papel
da União Européia e o confronto
com os Estados Unidos e problemas da imigração e xenofobia,
mas também haverá espaço para
temas relacionados à Organização Mundial do Comércio, às relações Norte-Sul e à experiência
do governo Luiz Inácio Lula da
Silva. Entre outros participantes
brasileiros no FSE estarão o coordenador nacional do MST João
Pedro Stedile e o petista Plínio de
Arruda Sampaio Jr.
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