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Para analista, Hizbollah terá influência maior
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
O vácuo de liderança com a
morte de Iasser Arafat pode abrir
espaço para o grupo xiita Hizbollah, que tem base no sul do Líbano, aumentar sua influência nos
territórios palestinos, de acordo
com a opinião de Meir Litvak, 46,
analista sênior do Centro Moshe
Dayan para Estudos do Oriente
Médio e da África, da Universidade de Tel Aviv.
"O Hizbollah já está ativo nos
territórios palestinos fornecendo
armas, treinamento e financiamento. Agora deverá ampliar sua
influência, principalmente junto
ao Fatah [facção política de Arafat] e a outros grupos armados ligados ao líder palestino na Cisjordânia e na faixa de Gaza", disse
Litvak em entrevista à Folha.
Litvak, especialista em política
palestina e fundamentalismo islâmico, acha que outros grupos terroristas também podem aumentar a violência contra Israel depois
da morte de Arafat.
"O Hamas e o grupo Jihad Islâmico continuam contrários a
acordos com Israel e vão tentar
sabotar qualquer avanço nas negociações de paz."
Saída de Gaza
Na análise de Litvak, um possível cenário político depois da
morte de Arafat inclui a implementação negociada do plano do
primeiro-ministro Ariel Sharon
de retirada da faixa de Gaza.
"Sharon vai tentar manter o plano unilateral, mas, se a liderança
palestina mostrar-se moderada,
será muito difícil evitar negociações, porque os Estados Unidos e
países da Europa querem aproveitar o momento para retomar o
processo político."
Litvak, eleitor do Partido Trabalhista (oposição, de centro-esquerda), concorda com a posição
do governo de Sharon de que Arafat não era um parceiro de negociações.
"Arafat era um obstáculo. Ele
sempre se recusou a agir contra
grupos terroristas e controlava o
financiamento dessas organizações. Ele sempre se preocupou
mais com a imagem que deixaria
na história do que com um acordo de paz", disse Litvak.
Erros da imprensa
Litvak disse que o tratamento de
chefe de Estado que Arafat recebeu nos últimos anos foi errado e
atribui parte disso à imprensa.
"A mídia, principalmente da
Europa, assumiu uma posição segundo a qual a ocupação dá aos
palestinos o direito de fazer o que
quiserem", disse.
"Os jornalistas nunca se preocuparam em saber o que Arafat
dizia em árabe depois das declarações de paz em inglês. E geralmente as palavras em árabe incitavam a violência e pregavam exatamente o contrário do que ele dizia para a imprensa internacional", afirmou.
O especialista acha que as perspectivas de negociações entre israelenses e palestinos podem ficar
mais otimistas a médio prazo, caso os dirigentes palestinos Abu
Mazen e Ahmed Korei consigam
impor sua liderança sobre os grupos terroristas e adotem uma linha política de concessões.
"Eles têm condições de assumir
uma posição mais pragmática em
relação a Israel e fazer concessões,
principalmente na questão dos
refugiados palestinos", disse, em
referência a um dos pontos de entrave nas negociações surgido antes do início da Intifada, no ano
2000.
Litvak não arriscou fazer uma
previsão a curto prazo. "Tudo depende agora de como os palestinos vão se organizar e se vão conseguir evitar conflitos internos",
afirmou.
(MG)
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