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PALESTINA ÓRFÃ
OS ISRAELENSES
"Quero chegar a um acordo", afirma o premiê, que orientou seu gabinete a reagir com otimismo cauteloso
Sharon diz esperar mudança "histórica"
MICHEL GAWENDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE TEL AVIV
O primeiro-ministro de Israel,
Ariel Sharon, disse ontem que a
morte de Iasser Arafat pode representar uma virada de rumo na
história no Oriente Médio.
"Os recentes eventos podem ser
um ponto de virada histórico para
o Oriente Médio", disse Sharon,
sem citar diretamente o anúncio
da morte de Arafat. "Israel é um
país que procura a paz e vai continuar seus esforços para alcançar
um acordo de paz com os palestinos sem demora."
Mais tarde, Sharon foi mais enfático. "Quero chegar a um acordo. E vamos fazer o que for possível para chegar a esse acordo."
Sharon disse esperar que a nova
liderança palestina trabalhe para
"acabar com o terrorismo", o que
ele considera a principal condição
para o início das negociações.
O premiê orientou seu gabinete
a manifestar otimismo cauteloso
em relação a uma nova autoridade palestina, e também a dizer
que Israel não quer interferir no
processo de escolha da nova liderança e que Arafat era o obstáculo
para a paz.
Na prática, a primeira medida
de Israel após o anúncio da morte
de Arafat foi colocar o Exército
em alerta. As fronteiras com a faixa de Gaza e a Cisjordânia foram
fechadas e mais 1.600 soldados foram mandados aos territórios.
O Exército montou postos de
controle ao redor de cidades palestinas na Cisjordânia. Os soldados foram orientados a evitar manifestar alegria pela morte de Arafat e conflitos violentos com manifestantes palestinos.
A polícia de Israel também está
em estado de alerta porque teme
manifestações em Jerusalém hoje,
última sexta-feira do mês sagrado
muçulmano do Ramadã. A previsão é que entre 150 mil e 200 mil
palestinos participem das cerimônias religiosas.
As críticas mais duras a Arafat
por parte do governo de Israel ficaram a cargo do ministro da Justiça, Yossef Lapid. Ele disse que
Arafat foi responsável pela disseminação do terrorismo global.
"Uma das tragédias do mundo é
que ele não entendeu que o terrorismo que começou aqui se espalharia para o mundo inteiro. Bin
Laden é herança de Arafat", disse.
"Eu não o odiava pela pessoa
que foi. Eu o odiava pelas mortes
de milhares de israelenses. Eu o
odiava por impedir os acordos de
paz entre nós e os palestinos",
afirmou Lapid.
Ehud Barak, último primeiro-ministro de Israel a negociar com
Arafat antes do começo da Intifada, descreveu o presidente palestino como um líder corrupto. Para Barak, que na semana passada
anunciou que voltará a disputar a
liderança do Partido Trabalhista,
o pior pecado de Arafat foi ter
"envenenado as almas dos jovens
palestinos com ódio por Israel".
Para o chanceler israelense, Silvan Shalom, a região ficará melhor sem Arafat. "Durante anos
ele liderou a ideologia de que é
possível alcançar pela força das
armas e pelo caminho do terror o
que poderia ser alcançado pela
negociação", disse Shalom. Ele
também negou as acusações do
grupo terrorista Hamas de que Israel envenenou Arafat.
Shimon Peres, líder do Partido
Trabalhista que compartilhou o
Nobel da Paz de 1994 com Arafat
pelos acordos de Oslo de 1993,
procurou ser mais moderado.
Peres disse que Arafat morreu,
mas "o povo palestino vive". "O
maior erro de Arafat foi ter recorrido ao terrorismo e depois não
ter combatido o terrorismo", disse Peres. "Suas maiores conquistas aconteceram quando ele tentou construir a paz."
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