São Paulo, sexta-feira, 12 de novembro de 2004

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Americanos também acreditam em nova oportunidade

LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK

As ações americanas nos dias subseqüentes à morte de Iasser Arafat devem determinar as chances do governo de George W. Bush de recolocar em curso o processo de paz no Oriente Médio. Essa, ao menos, é a visão que reverberou ontem na mídia e no governo dos EUA, entre os quais a morte do líder palestino foi amplamente vista como uma nova oportunidade para negociações.
"[A morte de Arafat] é um momento significativo na história palestina", disse Bush. "[Os palestinos verão] a paz e a concretização de suas aspirações por uma Palestina democrática, independente, em paz com os vizinhos."
O governo Bush sempre viu em Arafat um obstáculo para a paz, tendo chamado o líder palestino de corrupto e não-confiável.
Em um tom mais delicado, o secretário de Estado, Colin Powell, emitiu uma nota oficial oferecendo o apoio dos EUA ao povo palestino e suas condolências à família de Arafat. "Arafat foi uma figura significativa para a história da região e do mundo, e nós sabíamos que, aos olhos do povo palestino, Arafat incorporava suas esperanças e sonhos de conquistar um Estado independente", escreveu. Powell também pediu calma na região.
Os EUA assistiram, no ano passado, ao naufrágio das negociações de paz entre israelenses e palestinos, patrocinadas pelo chamado "Quarteto" -EUA, Rússia, União Européia e ONU. Durante a campanha eleitoral americana, a falta de eficácia da política de Bush para a região foi constantemente lembrada.
Além disso, o atual governo americano coloca o Iraque como um ponto fundamental dentro de sua estratégia para o Oriente Médio. Desde a invasão do país, em março de 2003, a Casa Branca vem repetindo que um Iraque democrático e pacífico serviria como ponta-de-lança para a instauração da paz nessa conturbada região, servindo de exemplo para outros países árabes. Essa via, no entanto, se encontra obstruída pelas dificuldades americanas no país.
A expectativa agora recai sobre a transição palestina -que, segundo especialistas, mostrou-se promissora com a escolha de Mahmoud Abbas (também conhecido como Abu Mazen) para ocupar a presidência da Autoridade Nacional Palestina.
"É encorajador que, neste período de transição, quando todos pensavam que haveria instabilidade e até violência e disputa pelo poder, haja uma relativa estabilidade. Até agora, as várias facções têm buscado manter a unidade palestina", escreveu Henry Siegman, principal especialista em Oriente Médio do Council on Foreign Relations.


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