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Americanos também acreditam em nova oportunidade
LUCIANA COELHO
DE NOVA YORK
As ações americanas nos dias
subseqüentes à morte de Iasser
Arafat devem determinar as
chances do governo de George W.
Bush de recolocar em curso o processo de paz no Oriente Médio.
Essa, ao menos, é a visão que reverberou ontem na mídia e no governo dos EUA, entre os quais a
morte do líder palestino foi amplamente vista como uma nova
oportunidade para negociações.
"[A morte de Arafat] é um momento significativo na história
palestina", disse Bush. "[Os palestinos verão] a paz e a concretização de suas aspirações por uma
Palestina democrática, independente, em paz com os vizinhos."
O governo Bush sempre viu em
Arafat um obstáculo para a paz,
tendo chamado o líder palestino
de corrupto e não-confiável.
Em um tom mais delicado, o secretário de Estado, Colin Powell,
emitiu uma nota oficial oferecendo o apoio dos EUA ao povo palestino e suas condolências à família de Arafat. "Arafat foi uma figura significativa para a história
da região e do mundo, e nós sabíamos que, aos olhos do povo
palestino, Arafat incorporava
suas esperanças e sonhos de conquistar um Estado independente", escreveu. Powell também pediu calma na região.
Os EUA assistiram, no ano passado, ao naufrágio das negociações de paz entre israelenses e palestinos, patrocinadas pelo chamado "Quarteto" -EUA, Rússia,
União Européia e ONU. Durante
a campanha eleitoral americana, a
falta de eficácia da política de
Bush para a região foi constantemente lembrada.
Além disso, o atual governo
americano coloca o Iraque como
um ponto fundamental dentro de
sua estratégia para o Oriente Médio. Desde a invasão do país, em
março de 2003, a Casa Branca
vem repetindo que um Iraque democrático e pacífico serviria como ponta-de-lança para a instauração da paz nessa conturbada região, servindo de exemplo para
outros países árabes. Essa via, no
entanto, se encontra obstruída
pelas dificuldades americanas no
país.
A expectativa agora recai sobre
a transição palestina -que, segundo especialistas, mostrou-se
promissora com a escolha de
Mahmoud Abbas (também conhecido como Abu Mazen) para
ocupar a presidência da Autoridade Nacional Palestina.
"É encorajador que, neste período de transição, quando todos
pensavam que haveria instabilidade e até violência e disputa pelo
poder, haja uma relativa estabilidade. Até agora, as várias facções
têm buscado manter a unidade
palestina", escreveu Henry Siegman, principal especialista em
Oriente Médio do Council on Foreign Relations.
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