São Paulo, sábado, 12 de dezembro de 2009

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Nos EUA, jovem latino não se vê americano

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

A maior parte dos filhos e netos de imigrantes latinos nascidos nos EUA não se identifica como americana. Pesquisa divulgada ontem pelo Centro Hispânico Pew mostra que os descendentes de imigrantes vivem divididos entre os laços com a cultura do país de origem dos pais ou avós e a do país onde nasceram e vivem.
Segundo a pesquisa, 41% dos filhos de imigrantes latinos se classificam como americanos, 21% dizem que são "latinos" ou "hispânicos" e 41% citam o país de origem dos pais. Entre os netos de imigrantes, 50% dizem que são americanos.
Os resultados indicam que somente na chamada terceira geração, composta por netos de imigrantes latinos, há uma proporção expressiva (49%) de jovens que são ensinados a ter orgulho de nascer nos EUA. Entre os filhos de imigrantes, apenas 24% foram ensinados a valorizar a nacionalidade americana.
Outro aspecto da dificuldade de integração é o número de casos presenciados de discriminação étnica ou racial. Segundo o levantamento, quase 1 em cada 4 jovens latinos afirma que um parente ou amigo foi alvo de preconceito.
A percepção é maior entre os que nasceram nos EUA (41%) do que entre os que nasceram fora do país (32%).
Até 2050 os latinos representarão 29% da população americana. Hoje eles são a minoria mais expressiva do país -1 em cada 5 crianças em idade escolar é latina.
Eles são também o grupo mais jovem. A idade média é de 27 anos, comparado com 31 entre os negros, 36 entre os asiáticos e 41 entre os brancos.
"O tipo de adulto que os jovens latinos vão se tornar vai ajudar a definir o que a sociedade americana se tornará no século 21. (...) Nunca antes na história deste país um grupo de minoria étnica representou uma parcela tão significativa dos jovens americanos", afirma o estudo.
Gravidez na adolescência e abandono escolar estão entre os maiores problemas desse grupo. A proporção de jovens latinos que deixam a escola é de 17%, um percentual quase três vezes o registrado entre brancos e quase o dobro da taxa entre os negros.
A maioria dos jovens latinos deixa a escola para sustentar a família. Eles citam ainda as dificuldades com o inglês e a crença de que não precisam de um nível mais elevado de instrução para trabalhar. Os latinos também apresentam um percentual maior de jovens que já são mães aos 19 anos -26%.
Três em cada dez jovens latinos afirmam que têm um amigo ou parente envolvido em uma gangue. A familiaridade com gangues é maior entre os que nasceram nos EUA.


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