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75% dos latinos rejeitam censura à mídia, diz estudo
Pesquisa Latinobarómetro mostra que 25% são favoráveis a que governos fechem órgãos de mídia que lhes desagradem
Pesquisa aponta taxa de apoio à democracia de 59%, a maior desde 2001; apesar da crise econômica, região acredita que prosperará
DA REDAÇÃO
O retrato da América Latina
revelado pela pesquisa Latinobarómetro 2009 revela que
59% dos cidadãos da região
pensam que a democracia é o
melhor regime -o índice mais
alto desde 2001-, ao passo que
uma taxa ainda mais alta se diz
favorável à liberdade de expressão: 75% rejeitam a censura aos
meios de comunicação.
A ONG chilena realiza o estudo desde 1995 e resolveu medir
a percepção da população sobre
a imprensa porque julga que
não faltam exemplos de governantes que parecem "tentados
a censurar, fechar e castigar"
órgãos de mídia opositores.
"Há controvérsia por todos
os lados", diz a diretora do Latinobarómetro, Marta Lagos.
Neste ano, o governo da Argentina aprovou no Congresso
uma nova lei de mídia, criticada
pela SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa). Já o
Equador prepara sua nova lei,
sob desconfiança de analistas e
empresas de comunicação, enquanto o presidente reeleito da
Bolívia, Evo Morales, afirmou
nesta semana que os jornalistas
de seu país "têm liberdade de
expressão demais".
No caso brasileiro, o Supremo Tribunal Federal rejeitou
anteontem recurso do jornal
"O Estado de S. Paulo" para poder publicar informações sobre
a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, cujo principal investigado é Fernando Sarney,
filho do presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP).
"A inclusão da pergunta mostra que o tema se tornou ainda
mais relevante na agenda social. Em alguns casos, a imprensa tem sido a única fonte
de contestação a governantes
com forte inspiração autoritária e que se apoiam em discursos populistas e demagógicos",
diz Judith Brito, presidente da
ANJ (Associação Nacional dos
Jornais) e diretora-superintendente da Empresa Folha da
Manhã S.A., que edita a Folha.
Questionados se um meio de
comunicação deve ser livre para publicar e veicular o que quiser, sem temer represálias,
88% dos uruguaios disseram
que sim, liderando a lista na região. Na outra ponta, estão 55%
dos equatorianos, que rejeitam
qualquer tipo de censura. Os
brasileiros estão na faixa intermediária (77%).
O estudo também faz a pergunta inversa: governos podem
fechar veículos de comunicação que publiquem reportagens que lhes desagradem?
Apenas 25% da população, no
geral, concorda. Na Venezuela,
a taxa é de 19%.
Para Marta Lagos, apesar de
baixo, o índice revela ambiguidade na questão, em um ambiente de polarização entre governos e mídia em vários países. "Mostra que a população
não entende totalmente quais
são os mecanismos para barrar
abusos de um lado e de outro."
O estudo, que ouviu 22.204
pessoas em 18 países entre setembro e outubro, captou uma
região que enfrentou a crise
econômica mundial mais bem
preparada do que no começo
da década e que se mostra otimista quanto ao futuro.
A percepção, porém, está
longe de ser homogênea. Enquanto no Brasil e no Chile,
menos afetados pela crise e
com governos bem avaliados
internamente, 66% acham que
seus países estão avançando,
na Argentina essa taxa é de
apenas 13% -apenas maior do
que a de Honduras, mergulhada em grave crise política.
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