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Alerta sobre terrorismo leva medo a Washington
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
"Estejam alertas e vigilantes",
alardeia desde segunda-feira o
sistema de som nas estações de
metrô em Washington, planejadas no auge da Guerra Fria e construídas com concreto aparente
numa profundidade tão exagerada que lembram grutas ou abrigos antiaéreos. "Denunciem
quaisquer pacotes ou comportamentos suspeitos aos gerentes das
estações ou policiais de plantão."
A companhia que administra o
sistema de metrô convocou pessoal extra e removeu caixotes de
lixo para evitar que neles fossem
escondidos explosivos. Além disso, prepara-se para testar um sistema "revolucionário" de detecção de ataques químicos, centrado em sensores que definem a extensão de zonas contaminadas e o
alcance dos locais onde gases nocivos podem ser espalhados.
A mobilização no metrô é apenas uma das facetas do clima de
vulnerabilidade que se instalou na
capital americana depois de o governo ter elevado, na sexta-feira, o
alerta contra ataques terroristas
para "laranja", o segundo nível
mais alto na escala de cores criada
pelo governo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Atendendo aos apelos das autoridades para que estocassem
água, comida e remédios em volume suficiente para abastecê-los
por três dias, os americanos saíram às compras logo de manhã.
Supermercados no bairro de Bethesda, nos arredores de Washington, não tinham mais água
para vender às 11h. Fita crepe e
placas de madeira, produtos preferidos para vedar janelas de ataques químicos e biológicos, também haviam se esgotado.
Pela segunda vez desde os atentados de 11 de setembro, o Pentágono colocou jipes equipados
com mísseis antiaéreos Stinger
em vários pontos da cidade. Esses
mísseis são termoguiados e também podem ser lançados do ombro. Alguns estão protegendo o
Pentágono, outros o Congresso e
a Casa Branca. Caças F-16 também sobrevoam a capital.
A decisão de elevar o alerta foi
anunciada pelo secretário da Segurança Interna, Tom Ridge, para
quem a ameaça de um grande ataque contra os Estados Unidos nas
próximas três semanas equivalia
ao nível 8 numa escala de 1 a 10.
Ridge dissera ter concluído, "sem
dúvida, que esta é a convergência
de informações mais grave [sobre
um possível atentado] já obtida
desde 11 de setembro de 2001".
O clima de pânico intensificou-se ontem, depois que o diretor da
CIA, George Tenet, disse ao Senado que a mais recente mensagem
de áudio atribuía a Osama bin Laden seria "mais um sinal de um
possível ataque".
Na mensagem de áudio, divulgada na terça-feira pela TV árabe
Al Jazeera, a voz que seria do líder
terrorista pede a realização de ataques suicidas contra os EUA, em
resposta à possível guerra contra
o Iraque. Não há confirmação oficial d autenticidade da fita, mas o
governo americano sinalizou que
a mensagem parece autêntica
-ao menos para justificar a elevação do nível de alerta na cidade.
"Estamos verificando se a mensagem é sinal de um ataque", disse
Tenet. "Só posso lembrá-los o que
diz a história", afirmou, referindo-se a informações sobre um
possível ataque captadas -e desprezadas- pelos serviços de inteligência antes do 11 de setembro.
Segundo Tenet, quando Bin Laden se pronuncia, há frequentemente ataques; isso corrobora
tanto as informações que estamos
recebendo quanto nossa decisão
de elevar o nível de alerta". Tenet
foi muito específico quanto a datas, forma e locais dos possíveis
atentados. Disse que seriam com
armas bacteriológicas ou químicas, nos EUA ou na Arábia Saudita e ocorreriam até o final desta
semana.
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