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São Paulo, quinta-feira, 13 de fevereiro de 2003

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Alerta sobre terrorismo leva medo a Washington

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

"Estejam alertas e vigilantes", alardeia desde segunda-feira o sistema de som nas estações de metrô em Washington, planejadas no auge da Guerra Fria e construídas com concreto aparente numa profundidade tão exagerada que lembram grutas ou abrigos antiaéreos. "Denunciem quaisquer pacotes ou comportamentos suspeitos aos gerentes das estações ou policiais de plantão."
A companhia que administra o sistema de metrô convocou pessoal extra e removeu caixotes de lixo para evitar que neles fossem escondidos explosivos. Além disso, prepara-se para testar um sistema "revolucionário" de detecção de ataques químicos, centrado em sensores que definem a extensão de zonas contaminadas e o alcance dos locais onde gases nocivos podem ser espalhados.
A mobilização no metrô é apenas uma das facetas do clima de vulnerabilidade que se instalou na capital americana depois de o governo ter elevado, na sexta-feira, o alerta contra ataques terroristas para "laranja", o segundo nível mais alto na escala de cores criada pelo governo depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Atendendo aos apelos das autoridades para que estocassem água, comida e remédios em volume suficiente para abastecê-los por três dias, os americanos saíram às compras logo de manhã. Supermercados no bairro de Bethesda, nos arredores de Washington, não tinham mais água para vender às 11h. Fita crepe e placas de madeira, produtos preferidos para vedar janelas de ataques químicos e biológicos, também haviam se esgotado.
Pela segunda vez desde os atentados de 11 de setembro, o Pentágono colocou jipes equipados com mísseis antiaéreos Stinger em vários pontos da cidade. Esses mísseis são termoguiados e também podem ser lançados do ombro. Alguns estão protegendo o Pentágono, outros o Congresso e a Casa Branca. Caças F-16 também sobrevoam a capital.
A decisão de elevar o alerta foi anunciada pelo secretário da Segurança Interna, Tom Ridge, para quem a ameaça de um grande ataque contra os Estados Unidos nas próximas três semanas equivalia ao nível 8 numa escala de 1 a 10. Ridge dissera ter concluído, "sem dúvida, que esta é a convergência de informações mais grave [sobre um possível atentado] já obtida desde 11 de setembro de 2001".
O clima de pânico intensificou-se ontem, depois que o diretor da CIA, George Tenet, disse ao Senado que a mais recente mensagem de áudio atribuía a Osama bin Laden seria "mais um sinal de um possível ataque".
Na mensagem de áudio, divulgada na terça-feira pela TV árabe Al Jazeera, a voz que seria do líder terrorista pede a realização de ataques suicidas contra os EUA, em resposta à possível guerra contra o Iraque. Não há confirmação oficial d autenticidade da fita, mas o governo americano sinalizou que a mensagem parece autêntica -ao menos para justificar a elevação do nível de alerta na cidade.
"Estamos verificando se a mensagem é sinal de um ataque", disse Tenet. "Só posso lembrá-los o que diz a história", afirmou, referindo-se a informações sobre um possível ataque captadas -e desprezadas- pelos serviços de inteligência antes do 11 de setembro.
Segundo Tenet, quando Bin Laden se pronuncia, há frequentemente ataques; isso corrobora tanto as informações que estamos recebendo quanto nossa decisão de elevar o nível de alerta". Tenet foi muito específico quanto a datas, forma e locais dos possíveis atentados. Disse que seriam com armas bacteriológicas ou químicas, nos EUA ou na Arábia Saudita e ocorreriam até o final desta semana.


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