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AMEAÇA NUCLEAR
Projetos podem ter relação com bomba e não foram revelados à Agência Internacional de Energia Atômica
ONU encontra desenhos nucleares no Irã
DA REDAÇÃO
A Agência Internacional de
Energia Atômica (AIEA) encontrou no Irã desenhos de máquinas
que podem ser utilizadas para a
produção de material usado em
bombas nucleares, colocando em
questão a cooperação do país com
o órgão, ligado à ONU, segundo
fontes diplomáticas. A AIEA não
se pronunciou sobre o assunto.
Em Berlim, John Bolton, subsecretário de Estado dos EUA disse
que seu país não tem dúvidas de
que o Irã busca desenvolver armas nucleares.
Em Roma, o chanceler iraniano,
Kamal Kharrazi, disse que o Irã
tem o direito de possuir um programa nuclear com fins pacíficos,
embora o país tenha grandes reservas petrolíferas. "Podem existir questões por parte dos inspetores da AIEA, mas nós estamos
prontos a verificá-las."
Fontes diplomáticas ocidentais
disseram que a AIEA encontrou
paralelos entre o confesso programa nuclear para fins militares da
Líbia e o programa iraniano, que,
segundo Teerã, é pacífico.
"Eles compraram as mesmas
coisas das mesmas pessoas", disse
um diplomata que acompanha de
perto o trabalho da AIEA, cuja
missão é verificar a aplicação dos
tratados de não-proliferação de
armas nucleares.
A AIEA, com sede em Viena
(Áustria), investiga a existência de
um mercado negro nuclear global, com base no Paquistão, que
teria ajudado países como o Irã, a
Líbia e a Coréia do Norte a comprar tecnologia e, possivelmente,
equipamentos para fazer armas
nucleares.
Nas próximas semanas, o egípcio Mohamed El Baradei, diretor
da AIEA, deve divulgar dois relatórios sobre recentes inspeções
feitas no Irã e na Líbia.
Em dezembro passado, a Líbia,
asfixiada por sanções políticas e
econômicas, abandonou publicamente seu projeto de desenvolver
armas nucleares. O país abriu seu
território para inspeções e entregou à AIEA e aos EUA informações sobre o seu programa.
Também no ano passado, a Alemanha, o Reino Unido e a França
persuadiram o Irã a suspender o
enriquecimento de urânio, realizado de forma secreta no país durante 18 anos, e a aceitar inspeções
da AIEA em seu território. Em
outubro, o país entregou à AIEA
uma declaração supostamente
completa sobre o seu programa.
Mas, de acordo com outra fonte
diplomática, o relatório iraniano
não inclui informações sobre os
referidos desenhos, que teriam sido encontrados devido ao "bom
trabalho de inspeção realizado
pela AIEA".
Gary Samore, chefe do Instituto
Internacional de Estudos Estratégicos, respeitado centro de pesquisa sobre questões militares baseado em Londres, disse que a
descoberta dos desenhos levanta
a questão sobre a existência no Irã
de uma instalação de enriquecimento de urânio clandestina.
A descoberta dos desenhos pode dar aos EUA munição para
apresentar no Conselho de Segurança (CS) da ONU uma moção
contra o Irã, acusando o país de
esconder informações sobre o seu
programa nuclear.
Possíveis sanções
O Conselho de Segurança, do
qual o Brasil faz parte como membro provisório (sem direito a veto), poderia impor sanções econômicas e diplomáticas ao país.
O Irã sustenta que seu programa nuclear tem fins puramente
pacíficos, de produção de energia.
Mas os EUA acusam o país de desenvolver armas nucleares.
Além do Irã, a Coréia do Norte
também possui um programa nuclear em andamento. É provável
que o país já possua algumas
bombas atômicas. O governo
norte-coreano admite abandonar
o projeto desde que os EUA assinem um tratado bilateral de não-agressão e se comprometam a
ajudar o país economicamente.
Diversos países do mundo, entre eles o Brasil, possuem programas nucleares para fins civis.
Mas só oito possuem arsenal
atômico: EUA, Rússia, China,
Reino Unido, França, Israel, Índia
e Paquistão.
Tratados internacionais negociados no âmbito da ONU proíbem que outros países desenvolvam armas desse tipo.
Os EUA temem que grupos terroristas adquiram armas de destruição em massa e as utilizem em
atentados. Anteontem, o presidente George W. Bush pediu que
a comunidade internacional adote medidas para impedir a venda
ilegal de tecnologia nuclear e a
proliferação de armas nucleares.
A Rússia, que ajuda o Irã a construir uma instalação nuclear
(Bushehr), está perto de fechar
um acordo de venda de combustível nuclear ao país. Os EUA já manifestaram sua oposição, mas as
autoridades russas dizem que sua
parceria com o Irã na área nuclear
tem fins puramente civis.
Com agências internacionais
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