São Paulo, sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

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MÍDIA

Al Hurra (a livre), resposta às redes árabes, estréia amanhã

TV dos EUA para árabes é lavagem cerebral, acusam muçulmanos

SALAH NASRAWI
DA ASSOCIATED PRESS, NO CAIRO

Antes mesmo de fazer sua primeira transmissão, a estação de TV via satélite financiada pelo governo americano e dirigida a espectadores árabes vem atraindo críticas no Oriente Médio, sendo vista como tentativa americana de destruir os valores islâmicos e fazer lavagem cerebral nos jovens.
A emissora Al Hurra (a livre) deve entrar no ar pela primeira vez amanhã. O presidente americano, George W. Bush, prometeu que a estação, que vai transmitir notícias e entretenimento 24 horas por dia, "passará por cima da propaganda odiosa que ocupa as ondas no mundo muçulmano".
A emissora vai estrear com uma atração que poucas poderiam igualar: uma entrevista com Bush. O porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, disse que a entrevista ofereceu a Bush a oportunidade de falar "de seu compromisso em difundir a liberdade e a democracia no Oriente Médio".

Ódio aos EUA
"Penso que o objetivo principal de abrir um canal como esse é provocar mudanças drásticas em nossos princípios e doutrinas", disse Jamil Abu Bakr, porta-voz da Frente de Ação Islâmica, o braço político do movimento jordaniano Irmandade Muçulmana. "Mas a natureza das sociedades árabes e muçulmanas e o ódio que nutrem pela política americana e os esforços desse país para desafiar nossas crenças, tudo isso vai acabar por limitar seu impacto."
Jornalistas árabes também vêm criticando a Al Hurra em editoriais e colunas, descrevendo a emissora como propaganda indesejada e até mesmo perigosa.
Rami Khouri, diretor-executivo do mais importante jornal libanês em língua inglesa, o "Daily Star", crê que a Al Hurra venha a ""exacerbar o abismo entre americanos e árabes, em lugar de lançar uma ponte sobre ele".
A Al Hurra é a resposta americana às redes árabes de TV via satélite -de grande audiência, como a Al Jazira (Qatar)-, que os EUA acusam de alimentar o sentimento antiamericano. Suas transmissões serão feitas desde Washington, mas ela terá instalações em diversas capitais do Oriente Médio, incluindo Bagdá, e uma equipe formada em sua maioria por profissionais árabes.


Tradução de Clara Allain


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