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MÍDIA
Al Hurra (a livre), resposta às redes árabes, estréia amanhã
TV dos EUA para árabes é lavagem cerebral, acusam muçulmanos
SALAH NASRAWI
DA ASSOCIATED PRESS, NO CAIRO
Antes mesmo de fazer sua primeira transmissão, a estação de
TV via satélite financiada pelo governo americano e dirigida a espectadores árabes vem atraindo
críticas no Oriente Médio, sendo
vista como tentativa americana de
destruir os valores islâmicos e fazer lavagem cerebral nos jovens.
A emissora Al Hurra (a livre)
deve entrar no ar pela primeira
vez amanhã. O presidente americano, George W. Bush, prometeu
que a estação, que vai transmitir
notícias e entretenimento 24 horas por dia, "passará por cima da
propaganda odiosa que ocupa as
ondas no mundo muçulmano".
A emissora vai estrear com uma
atração que poucas poderiam
igualar: uma entrevista com Bush.
O porta-voz da Casa Branca, Scott
McClellan, disse que a entrevista
ofereceu a Bush a oportunidade
de falar "de seu compromisso em
difundir a liberdade e a democracia no Oriente Médio".
Ódio aos EUA
"Penso que o objetivo principal
de abrir um canal como esse é
provocar mudanças drásticas em
nossos princípios e doutrinas",
disse Jamil Abu Bakr, porta-voz
da Frente de Ação Islâmica, o braço político do movimento jordaniano Irmandade Muçulmana.
"Mas a natureza das sociedades
árabes e muçulmanas e o ódio que
nutrem pela política americana e
os esforços desse país para desafiar nossas crenças, tudo isso vai
acabar por limitar seu impacto."
Jornalistas árabes também vêm
criticando a Al Hurra em editoriais e colunas, descrevendo a
emissora como propaganda indesejada e até mesmo perigosa.
Rami Khouri, diretor-executivo
do mais importante jornal libanês
em língua inglesa, o "Daily Star",
crê que a Al Hurra venha a ""exacerbar o abismo entre americanos
e árabes, em lugar de lançar uma
ponte sobre ele".
A Al Hurra é a resposta americana às redes árabes de TV via satélite -de grande audiência, como a Al Jazira (Qatar)-, que os
EUA acusam de alimentar o sentimento antiamericano. Suas transmissões serão feitas desde Washington, mas ela terá instalações
em diversas capitais do Oriente
Médio, incluindo Bagdá, e uma
equipe formada em sua maioria
por profissionais árabes.
Tradução de Clara Allain
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