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VENEZUELA
Conselho eleitoral alega ter detectado fraude; atraso frustra oposição, que promete realizar manifestação amanhã
CNE adia decisão do referendo anti-Chávez
DA REDAÇÃO
Sob duras críticas da oposição,
o Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) informou que foram detectados sinais de fraude no pedido de um referendo para abreviar
o mandato do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Por esse
motivo, alega o órgão, a decisão,
prevista para hoje, agora pode levar até mais duas semanas.
O conselheiro Jorge Rodríguez
disse que foi separado um número não revelado de assinaturas para serem revisadas. Segundo ele, o
CNE "está fazendo todo o possível" para anunciar a decisão até o
final deste mês.
Rodríguez disse que milhares de
planilhas de assinaturas podem
ser descartadas porque a informação pessoal básica fora preenchida pelos funcionários da oposição, que, em seguida, pediam
aos eleitores que assinassem.
Irritados com a demora, líderes
da oposição planejam fazer amanhã uma grande passeata diante
da sede do CNE, onde dezenas de
chavistas já estão acampados.
Ontem, a oposição realizou protestos pequenos em Caracas e em
outras quatro cidades.
O Departamento de Estado dos
EUA advertiu seus cidadãos no
país de que "manifestações políticas com risco de violência" podem ocorrer a partir de hoje.
Há quase dois meses, os oposicionistas entregaram centenas de
caixas ao CNE, que conteriam 3,4
milhões de assinaturas apoiando
a realização de um referendo para
encurtar o mandato de Chávez,
que vai até 2007. O exigido pela
Constituição é que ao menos 20%
do eleitorado assine a petição
(cerca de 2,4 milhões de eleitores).
O trabalho de verificação está
sendo acompanhado por observadores da Organização dos Estados Americanos e do Centro Carter, ONG ligada ao ex-presidente
dos EUA Jimmy Carter (1977-81).
Se o CNE aprovar o referendo,
terá 97 dias para realizar a consulta. Caso Chávez perca a votação,
novas eleições terão de ser convocadas em 30 dias.
Apesar de prometer respeitar a
decisão do CNE, a oposição tem
acusado o órgão de favorecer
Chávez. Os cinco membros do
conselho foram indicados pela
Suprema Corte após disputas entre governistas e oposicionistas
terem inviabilizado a escolha pela
Assembléia Nacional. Os membros da corte foram todos indicados pelo governo de Chávez.
"Evento midiático"
O vice-presidente José Vicente
Rangel disse ontem que o país está calmo e que o clima de tensão e
temores de violência são "midiáticos", em alusão à imprensa do
país, com a qual o governo vive
uma relação tumultuada.
"Não podemos criar um clima
midiático", disse Rangel, que pediu à população que "não se deixe
enganar, pois há gente que estimula manifestações para usar as
pessoas como bucha de canhão".
Rangel acusou setores da oposição de querer provocar um clima
propício a uma "terceira aventura", em alusão ao fracassado golpe contra Chávez, em abril de
2002, e à greve geral de dezembro
de 2002 a fevereiro de 2003.
Ontem, chavistas e oposicionistas voltaram a trocar acusações
pesadas. Do exílio na Costa Rica,
o sindicalista Carlos Ortega acusou Chávez de "ser mandado" pelo ditador cubano, Fidel Castro, e
pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Em Caracas, deputados chavistas acusaram um governador
oposicionista de contrabandear
armas da Áustria "para gerar violência no país". Ele negou.
Com agências internacionais
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