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Austrália reforça presença militar em Timor Leste
Mais 190 agentes chegam ao país após ataque ao presidente José Ramos-Horta
Líder atingido anteontem por três tiros continua internado em estado grave; representantes brasileiros conseguem deixar capital
DA REDAÇÃO
A Austrália reforçou ontem
sua presença militar em Timor
Leste para ajudar o governo local a garantir o respeito ao estado de exceção, dois dias depois
da tentativa de assassinato do
presidente José Ramos-Horta,
que continua internado em estado grave num hospital de
Darwin, na Austrália.
Um total de 120 soldados e 70
policiais desembarcou no porto
de Dili em lanchas que partiram de uma fragata ancorada
na costa timorense. Eles se somarão aos 800 soldados australianos já posicionados no país,
sob mandato da ONU.
A Austrália já respondia pela
metade do contingente da força
de paz da ONU no país (1600
homens), que está estabelecida
em Timor desde a retirada indonésia, em 1999. A soberania
do Timor foi reconhecida em
2002, mas o país vive desde então num clima de instabilidade,
que culminou com a crise de
dois anos atrás, quando um
chefe militar, o major Alfredo
Reinado, foi exonerado das
Forças Armadas depois de liderar uma rebelião.
Foi o ex-major Reinado que
comandou o ataque contra Ramos-Horta. Na manhã de segunda-feira, o presidente fazia
exercícios na frente da residência oficial quando foi metralhado por homens armados a bordo de dois jipes. Reinado morreu na troca de tiros com os
guarda-costas do presidente.
Uma hora depois, um ataque
semelhante visou o primeiro-ministro Xanana Gusmão, que
conseguiu escapar ileso.
Segundo o ministro das Relações Exteriores australiano,
Stephen Smith, que nesta terça
se reuniu na cidade de Darwin
com o chanceler timorense, Zacarias da Costa, 20 rebeldes, divididos em dois grupos de dez,
participaram dos ataques contra Ramos-Horta e Gusmão.
Atingido no peito e no abdome, Ramos-Horta foi levado
para um hospital de Darwin,
onde continua na UTI em estado "estável" mas "extremamente sério", segundo os médicos. O presidente foi atingido
no pulmão direito, e embora
consiga respirar sem a ajuda de
aparelhos, continua ligado a
eles e ficará em coma induzido
até amanhã.
A situação ontem era de tranqüilidade em Dili, onde as lojas
abriram normalmente. No entanto, menos veículos do que o
habitual circularam nas ruas da
capital, onde a presença das
forças internacionais de paz está mais ostensiva.
Para manter a calma, o presidente interino, Vicente Guterres, decretou o estado de emergência, que proíbe concentrações públicas. Também entrou
em vigor um toque de recolher
entre as 20h e as 6h locais (9h e
19h de Brasília).
Os três representantes do governo brasileiro que participavam de uma reunião de ministros do Trabalho da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já deixaram Dili,
depois de ficar dois dias trancados no hotel. Eles devem chegar a Brasília amanhã.
Um deles, o secretário de
Previdência Social do Ministério da Previdência, Helmut
Schwarzer, contou à Folha, por
telefone, que os presentes ao
encontro tiveram total proteção do governo. "A ministra de
Assuntos Sociais do Timor ficou no hotel onde estavam os
estrangeiros. Foi um gesto de
carinho e atenção."
Com agências internacionais
e Sucursal de Brasília
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