São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Austrália reforça presença militar em Timor Leste

Mais 190 agentes chegam ao país após ataque ao presidente José Ramos-Horta

Líder atingido anteontem por três tiros continua internado em estado grave; representantes brasileiros conseguem deixar capital

DA REDAÇÃO

A Austrália reforçou ontem sua presença militar em Timor Leste para ajudar o governo local a garantir o respeito ao estado de exceção, dois dias depois da tentativa de assassinato do presidente José Ramos-Horta, que continua internado em estado grave num hospital de Darwin, na Austrália.
Um total de 120 soldados e 70 policiais desembarcou no porto de Dili em lanchas que partiram de uma fragata ancorada na costa timorense. Eles se somarão aos 800 soldados australianos já posicionados no país, sob mandato da ONU.
A Austrália já respondia pela metade do contingente da força de paz da ONU no país (1600 homens), que está estabelecida em Timor desde a retirada indonésia, em 1999. A soberania do Timor foi reconhecida em 2002, mas o país vive desde então num clima de instabilidade, que culminou com a crise de dois anos atrás, quando um chefe militar, o major Alfredo Reinado, foi exonerado das Forças Armadas depois de liderar uma rebelião.
Foi o ex-major Reinado que comandou o ataque contra Ramos-Horta. Na manhã de segunda-feira, o presidente fazia exercícios na frente da residência oficial quando foi metralhado por homens armados a bordo de dois jipes. Reinado morreu na troca de tiros com os guarda-costas do presidente.
Uma hora depois, um ataque semelhante visou o primeiro-ministro Xanana Gusmão, que conseguiu escapar ileso.
Segundo o ministro das Relações Exteriores australiano, Stephen Smith, que nesta terça se reuniu na cidade de Darwin com o chanceler timorense, Zacarias da Costa, 20 rebeldes, divididos em dois grupos de dez, participaram dos ataques contra Ramos-Horta e Gusmão.
Atingido no peito e no abdome, Ramos-Horta foi levado para um hospital de Darwin, onde continua na UTI em estado "estável" mas "extremamente sério", segundo os médicos. O presidente foi atingido no pulmão direito, e embora consiga respirar sem a ajuda de aparelhos, continua ligado a eles e ficará em coma induzido até amanhã.
A situação ontem era de tranqüilidade em Dili, onde as lojas abriram normalmente. No entanto, menos veículos do que o habitual circularam nas ruas da capital, onde a presença das forças internacionais de paz está mais ostensiva.
Para manter a calma, o presidente interino, Vicente Guterres, decretou o estado de emergência, que proíbe concentrações públicas. Também entrou em vigor um toque de recolher entre as 20h e as 6h locais (9h e 19h de Brasília).
Os três representantes do governo brasileiro que participavam de uma reunião de ministros do Trabalho da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) já deixaram Dili, depois de ficar dois dias trancados no hotel. Eles devem chegar a Brasília amanhã.
Um deles, o secretário de Previdência Social do Ministério da Previdência, Helmut Schwarzer, contou à Folha, por telefone, que os presentes ao encontro tiveram total proteção do governo. "A ministra de Assuntos Sociais do Timor ficou no hotel onde estavam os estrangeiros. Foi um gesto de carinho e atenção."


Com agências internacionais e Sucursal de Brasília


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