São Paulo, quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

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Governo australiano pede desculpas aos aborígenes

Vítimas da "Geração Roubada" não serão indenizadas

DA REDAÇÃO

O governo da Austrália aprovou hoje uma declaração em que pede pela primeira vez perdão aos aborígenes, habitantes originais e hoje a minoria mais pobre do país.
"Nós pedimos desculpas pelas leis e políticas de sucessivos Parlamentos e governos que causaram profundo pesar, sofrimento e danos a esses nossos companheiros australianos", afirma o texto da moção, apresentada ontem ao Parlamento pelo primeiro-ministro trabalhista Kevin Rudd, que assumiu em dezembro.
O pedido de perdão é dirigido a cerca de cem mil aborígenes da chamada "Geração Roubada", crianças que foram retiradas de suas famílias para serem "civilizadas" por brancos, sob políticas de assimilação, entre 1910 e 1970.
"Chegou o momento da nação virar uma página da história da Austrália, corrigindo os erros do passado para seguir com confiança em direção ao futuro", diz o texto.

Simbolismo
A declaração recebeu apoio tanto do governo quanto dos principais partidos de oposição. O pedido de desculpas é a peça-chave do plano de governo de Rudd, eleito em novembro de 2007, de tornar prioridade as questões indígenas. Os governos anteriores se recusaram a pedir desculpas por mais de uma década.
A moção, no entanto, não prevê indenizações. O primeiro-ministro afirmou que, em vez de oferecer compensações, seu governo se comprometerá com a melhoria dos padrões de vida da população aborígene, incluindo reduzir a taxa de mortalidade infantil e de analfabetismo em dez anos.
Grupos aborígenes foram convidados também a fazerem a abertura oficial da sessão do Parlamento ontem, demonstrando o reconhecimento simbólico do governo ao grupo.
"Essa acolhida traz um grande simbolismo, a esperança de uma nação unida pela reconciliação", afirmou a líder aborígene Matilda House, descalça e vestindo peles de animais.
Hoje, os aborígenes somam 450.000 na Austrália, que tem 21 milhões de habitantes. Sua expectativa de vida é 17 anos menor do que a do restante da população do país.
Milhares foram a Canberra e ficaram alojados na chamada embaixada aborígene, em frente ao antigo Parlamento, para escutar o anúncio oficial do perdão.


Com agências internacionais


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