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Governo australiano pede desculpas aos aborígenes
Vítimas da "Geração Roubada" não serão indenizadas
DA REDAÇÃO
O governo da Austrália aprovou hoje uma declaração em
que pede pela primeira vez perdão aos aborígenes, habitantes
originais e hoje a minoria mais
pobre do país.
"Nós pedimos desculpas pelas leis e políticas de sucessivos
Parlamentos e governos que
causaram profundo pesar, sofrimento e danos a esses nossos
companheiros australianos",
afirma o texto da moção, apresentada ontem ao Parlamento
pelo primeiro-ministro trabalhista Kevin Rudd, que assumiu
em dezembro.
O pedido de perdão é dirigido
a cerca de cem mil aborígenes
da chamada "Geração Roubada", crianças que foram retiradas de suas famílias para serem
"civilizadas" por brancos, sob
políticas de assimilação, entre
1910 e 1970.
"Chegou o momento da nação virar uma página da história da Austrália, corrigindo os
erros do passado para seguir
com confiança em direção ao
futuro", diz o texto.
Simbolismo
A declaração recebeu apoio
tanto do governo quanto dos
principais partidos de oposição. O pedido de desculpas é a
peça-chave do plano de governo de Rudd, eleito em novembro de 2007, de tornar prioridade as questões indígenas. Os
governos anteriores se recusaram a pedir desculpas por mais
de uma década.
A moção, no entanto, não
prevê indenizações. O primeiro-ministro afirmou que, em
vez de oferecer compensações,
seu governo se comprometerá
com a melhoria dos padrões de
vida da população aborígene,
incluindo reduzir a taxa de
mortalidade infantil e de analfabetismo em dez anos.
Grupos aborígenes foram
convidados também a fazerem
a abertura oficial da sessão do
Parlamento ontem, demonstrando o reconhecimento simbólico do governo ao grupo.
"Essa acolhida traz um grande simbolismo, a esperança de
uma nação unida pela reconciliação", afirmou a líder aborígene Matilda House, descalça e
vestindo peles de animais.
Hoje, os aborígenes somam
450.000 na Austrália, que tem
21 milhões de habitantes. Sua
expectativa de vida é 17 anos
menor do que a do restante da
população do país.
Milhares foram a Canberra e
ficaram alojados na chamada
embaixada aborígene, em frente ao antigo Parlamento, para
escutar o anúncio oficial do
perdão.
Com agências internacionais
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