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Crise valoriza ações na Bolsa de Bagdá e aquece mercado imobiliário
KIM SENGUPTA
DO "THE INDEPENDENT", EM BAGDÁ
Com uma guerra iminente e
uma infra-estrutura industrial
quebrada por anos de sanções, o
mercado financeiro de Bagdá deveria estar paralisado há muito
tempo. Mas as ações negociadas
na Bolsa de Valores da capital iraquiana não param de subir, e o
mercado imobiliário está superaquecido.
Nos últimos seis meses, o índice
que mede a variação das ações na
Bolsa de Valores de Bagdá subiu
58%, colocando o mercado do
Iraque como um dos mais lucrativos do mundo. No mesmo período, as ações na Bolsa de Valores
de Nova York tiveram uma queda
média de 10%. Já as negociadas
em Londres se desvalorizaram
cerca de 16%.
E não são apenas as ações que
estão em alta. Os mísseis Tomahawk e os bombardeiros B-52 podem estar a apenas alguns dias de
distância, porém a capital iraquiana e as cidades de Basra e Mosul
se tornaram pontos atraentes para o mercado imobiliário. O preço
de um terreno em Bagdá subiu
20% nos últimos quatro meses, e,
em alguns locais, o metro quadrado chega a US$ 270.
Mas não é apesar da crise, mas
por causa dela, que esse boom está ocorrendo. Há uma crença entre investidores de que após os futuros acontecimentos, as coisas
irão melhorar no Iraque. Ninguém dirá publicamente que a
queda do ditador Saddam Hussein levará ao fim do embargo
econômico contra o país, de mais
de uma década, ao retorno dos lucros com o petróleo e a retomada
de investimentos estrangeiros no
Iraque.
Os negociantes preferem dizer
que, com as inspeções da ONU, o
"problema" acabará e os investimentos internacionais voltarão,
trazendo desde organizações assistenciais a executivos, que precisarão de lugar para se instalarem.
A Bolsa de Valores, inaugurada
há dez anos, não tem computadores, e as paredes cinzentas do local
estão descascando.
O diretor da Bolsa, Abbas Fadhil, diz que "o mercado é novo e
o volume de negócios é pequeno.
Buscamos melhorar todo o tempo". Ele prefere não atribuir a
uma possível "mudança de regime" a boa situação das ações.
"O governo tem sido bom para
nós", diz. Porém o cenário positivo está longe de ser universal no
Iraque. Alguns setores estão sofrendo com a iminência do conflito. Khalid Ali Qutub, que nunca
ouviu falar da Bolsa de Valores,
está quase fechando a sua pequena loja, pois, "graças à guerra", teme perder tudo.
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