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São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2003

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BALCÃS

Governo culpa "crime organizado" pelo ataque a tiros contra Djindjic, primeiro chefe de governo europeu a ser morto desde 86

Primeiro-ministro sérvio é assassinado

Marko Djurica/Reuters
Sérvia homenageia o premiê sérvio morto, em memorial no Partido Democrático, em Belgrado


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro da Sérvia, Zoran Djindjic, foi morto ontem, vítima de um atentado nas imediações da sede do governo sérvio, em Belgrado, no primeiro assassinato de um chefe de governo europeu desde a morte do premiê sueco Olof Palme, em 1986.
Djindjic foi atingido por dois tiros, um nas costas e outro no abdômen, no início da tarde (hora local), quando seguia para um encontro com a chanceler da Suécia, Anna Lindh. Morreu ao chegar ao hospital.
Na noite passada, o governo sérvio responsabilizou um dos clãs do crime organizado, o Zemun, pela morte do primeiro-ministro. Esse grupo executou, nos últimos anos, vários sequestros e assassinatos em Belgrado, alguns de caráter político.
Segundo a polícia sérvia, ao menos dois atiradores haviam participado da ação -dois rifles foram encontrados em um prédio abandonado, vizinho à sede do governo sérvio. Até ontem, não havia confirmação de que prisões relacionadas ao atentado tivessem sido feitas.
Djindjic coordenava uma ação de combate ao crime organizado e ao tráfico de drogas, que se fortalecera durante os anos 90, no regime do então ditador Slobodan Milosevic. O primeiro-ministro de Montenegro, Milo Djukanovic, afirmou que o crime indica "quão forte está o crime organizado e como são necessários sacrifícios para que as coisas avancem".

Estado de emergência
Natasa Micic, presidente interina da Sérvia, decretou estado de emergência no país, argumentando que o assassinato representou "risco à ordem constitucional". O governo também declarou três dias de luto oficial.
A sede do governo de Belgrado foi isolada por policiais, e militares passaram a auxiliar a polícia na busca pelos atiradores. Estradas nas imediações da capital foram bloqueadas, o controle foi intensificado no aeroporto e nas estações de trens e ônibus, e houve batidas policiais na cidade.
Reformista e ligado ao Ocidente, Djindjic foi um dos mais importantes opositores de Milosevic e principal responsável por seu envio, em 2001, ao tribunal da ONU para crimes de guerra.
Desde o mês passado, Sérvia e Montenegro formam um único Estado, com premiês e presidentes diferentes, que substituiu a antiga Iugoslávia.

Condolências
Dezenas de países se manifestaram sobre a morte de Djindjic e expressaram temor de que o assassinato desestabilize o cenário político dos Balcãs.
O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, disse estar "impressionado e entristecido" com o incidente. O presidente dos EUA, George W. Bush, destacou o papel do premiê no "estabelecimento da democracia na Sérvia".
Na mesma linha, o presidente francês, Jacques Chirac, comentou que Djindjic será lembrado por "ter optado pelas reformas que conduziram a Sérvia ao caminho da Europa".
Para o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, o atentado "demonstra que a situação nos Balcãs ainda é muito difícil".
O governo brasileiro também enviou mensagens de condolências ao governo da Sérvia e Montenegro. Em nota, o Itamaraty citou a importância de Djindjic na aproximação entre seu país e o Brasil e lembrou que o premiê esteve presente à posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Com agências internacionais


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