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ORIENTE MÉDIO
Grupo terrorista abandona boicote; vitória ameaçaria projeto de Abbas
Hamas disputará eleição legislativa
DA REDAÇÃO
O Hamas, grupo terrorista palestino que defende a destruição
de Israel, anunciou ontem que
apresentará candidatos às eleições legislativas de julho.
A decisão, que encerra uma década de boicote político, ameaça a
política do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP),
Mahmoud Abbas, de acelerar o
diálogo com Israel.
Ainda ontem um grupo de
2.500 desempregados palestinos
cercou edifícios administrativos
em Gaza, atirando pedras e quebrando janelas.
O grupo foi dispersado pela polícia palestina com rajadas ao ar.
O incidente demonstra o grau de
tensão e de divergências internas.
Nos últimos quatro anos de
confrontos entre palestinos e israelenses, o Hamas, apoiado por
uma rede de mesquitas e responsável por uma estrutura filantrópica, cresceu politicamente, sobretudo ao denunciar a corrupção na ANP, tolerada ou indiretamente estimulada por Iasser Arafat (líder histórico palestino, morto em novembro) como forma de
cooptar lideranças nos territórios
ocupados.
O Hamas até agora se recusava a
participar das atividades da ANP.
Boicotou as eleições de 1996, mas
conquistou dois terços dos cargos
na disputa municipal de Gaza e
um terço dos cargos na Cisjordânia em janeiro último, no que foram eleições locais.
Uma vitória semelhante em julho comprometeria Abbas em seu
projeto de transformar o Fatah
-núcleo da OLP, Organização
para a Libertação da Palestina-
em pivô do poder civil.
Participação no governo
O Hamas, cujo nome significa
Movimento da Resistência Islâmica, surgiu em 1987 em oposição
aos acordos com Israel que permitiram a instalação de um governo palestino.
Apesar de duas divergências
fundamentais com o Fatah -a
fundamentação religiosa do poder e o não-reconhecimento de
Israel-, o Hamas aderiu à proposta de cessar-fogo feita por Abbas como forma de viabilizar a retomada do diálogo com Israel.
Israel matou no ano passado
dois líderes religiosos do Hamas,
o xeque Ahmed Yassin e seu sucessor, Abdel Aziz al Rantissi.
Um porta-voz do grupo, Mohammed Ghazal, disse ontem em
Nablus, Cisjordânia, que, depois
das eleições de julho, será decidido se o Hamas reivindicará participar do governo palestino.
Com agências internacionais
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