São Paulo, domingo, 13 de março de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Grupo terrorista abandona boicote; vitória ameaçaria projeto de Abbas

Hamas disputará eleição legislativa

DA REDAÇÃO

O Hamas, grupo terrorista palestino que defende a destruição de Israel, anunciou ontem que apresentará candidatos às eleições legislativas de julho.
A decisão, que encerra uma década de boicote político, ameaça a política do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, de acelerar o diálogo com Israel.
Ainda ontem um grupo de 2.500 desempregados palestinos cercou edifícios administrativos em Gaza, atirando pedras e quebrando janelas.
O grupo foi dispersado pela polícia palestina com rajadas ao ar. O incidente demonstra o grau de tensão e de divergências internas.
Nos últimos quatro anos de confrontos entre palestinos e israelenses, o Hamas, apoiado por uma rede de mesquitas e responsável por uma estrutura filantrópica, cresceu politicamente, sobretudo ao denunciar a corrupção na ANP, tolerada ou indiretamente estimulada por Iasser Arafat (líder histórico palestino, morto em novembro) como forma de cooptar lideranças nos territórios ocupados.
O Hamas até agora se recusava a participar das atividades da ANP. Boicotou as eleições de 1996, mas conquistou dois terços dos cargos na disputa municipal de Gaza e um terço dos cargos na Cisjordânia em janeiro último, no que foram eleições locais.
Uma vitória semelhante em julho comprometeria Abbas em seu projeto de transformar o Fatah -núcleo da OLP, Organização para a Libertação da Palestina- em pivô do poder civil.

Participação no governo
O Hamas, cujo nome significa Movimento da Resistência Islâmica, surgiu em 1987 em oposição aos acordos com Israel que permitiram a instalação de um governo palestino.
Apesar de duas divergências fundamentais com o Fatah -a fundamentação religiosa do poder e o não-reconhecimento de Israel-, o Hamas aderiu à proposta de cessar-fogo feita por Abbas como forma de viabilizar a retomada do diálogo com Israel.
Israel matou no ano passado dois líderes religiosos do Hamas, o xeque Ahmed Yassin e seu sucessor, Abdel Aziz al Rantissi.
Um porta-voz do grupo, Mohammed Ghazal, disse ontem em Nablus, Cisjordânia, que, depois das eleições de julho, será decidido se o Hamas reivindicará participar do governo palestino.


Com agências internacionais

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