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Lula agradece venezuelano por tom apaziguador em cúpula
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Depois de dez dias desprezando as ligações do colega da
Venezuela, Hugo Chávez, e na
véspera de receber a secretária
de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva telefonou
ontem para Chávez e elogiou
sua atitude contemporizadora
na reunião que selou a paz entre a Colômbia e o Equador,
sexta-feira passada, na República Dominicana .
"O presidente Lula felicitou o
presidente Chávez pelo seu desempenho na reunião do Grupo do Rio", disse à Folha o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
O Brasil criticou tanto Chávez quanto o presidente dos
EUA, George W. Bush, na crise
entre o Equador e a Colômbia.
Passada a fase crítica, crê que é
hora de apaziguar os ânimos.
Após trocar acusações com o
presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, Chávez foi o mais receptivo aos pedidos de desculpas de Uribe para o Equador na
República Dominicana. Bush
ficou do lado oposto, elogiando
Uribe pelo combate ao "terrorismo", o que foi mal visto pelos países latino-americanos.
Mas também os EUA recuaram
e a própria Condoleezza Rice
elogiou depois a ação do Brasil
para superar a crise.
A expectativa para o encontro hoje com Rice é que Lula,
assim como elogiou Chávez ontem, vá de algum modo agradecer a não-ingerência dos EUA
na reunião decisiva e no documento final da OEA (Organização dos Estados Americanos)
que criou condições para a paz,
selada no Grupo do Rio.
Rice vai ao Planalto, assina
com Amorim o "Plano de Ação
Conjunto contra a Discriminação Racial", almoça no Itamaraty e parte para Salvador, onde fica até amanhã.
Além das Farc e da América
Latina, o Oriente Médio deve
ser tema das conversas com Rice em Brasília. Os EUA têm interesse na ampliação dos países que conversam sobre soluções para aquela região, e o
Brasil se coloca como um deles.
Segundo o ministro-conselheiro da Embaixada dos EUA em
Brasília, Phillip Chicola, Rice
pretende abordar principalmente temas bilaterais nas
áreas de economia, ambiente,
segurança e comunicações,
com destaque para o programa
de biocombustíveis.
Também deve pedir para as
companhias aéreas americanas
obterem mais autorizações de
vôo entre Brasília e cidades do
Nordeste e os EUA. Em Brasília, a secretária pode enfrentar
protestos da UNE (União Nacional dos Estudantes), que
pretende ostentar diante do
Planalto um painel vermelho
com a frase: "A América Latina
tem seu destino. Fora Rice, senhora da guerra!".
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