São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Lula agradece venezuelano por tom apaziguador em cúpula

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Depois de dez dias desprezando as ligações do colega da Venezuela, Hugo Chávez, e na véspera de receber a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ontem para Chávez e elogiou sua atitude contemporizadora na reunião que selou a paz entre a Colômbia e o Equador, sexta-feira passada, na República Dominicana .
"O presidente Lula felicitou o presidente Chávez pelo seu desempenho na reunião do Grupo do Rio", disse à Folha o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
O Brasil criticou tanto Chávez quanto o presidente dos EUA, George W. Bush, na crise entre o Equador e a Colômbia. Passada a fase crítica, crê que é hora de apaziguar os ânimos.
Após trocar acusações com o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, Chávez foi o mais receptivo aos pedidos de desculpas de Uribe para o Equador na República Dominicana. Bush ficou do lado oposto, elogiando Uribe pelo combate ao "terrorismo", o que foi mal visto pelos países latino-americanos. Mas também os EUA recuaram e a própria Condoleezza Rice elogiou depois a ação do Brasil para superar a crise.
A expectativa para o encontro hoje com Rice é que Lula, assim como elogiou Chávez ontem, vá de algum modo agradecer a não-ingerência dos EUA na reunião decisiva e no documento final da OEA (Organização dos Estados Americanos) que criou condições para a paz, selada no Grupo do Rio.
Rice vai ao Planalto, assina com Amorim o "Plano de Ação Conjunto contra a Discriminação Racial", almoça no Itamaraty e parte para Salvador, onde fica até amanhã.
Além das Farc e da América Latina, o Oriente Médio deve ser tema das conversas com Rice em Brasília. Os EUA têm interesse na ampliação dos países que conversam sobre soluções para aquela região, e o Brasil se coloca como um deles. Segundo o ministro-conselheiro da Embaixada dos EUA em Brasília, Phillip Chicola, Rice pretende abordar principalmente temas bilaterais nas áreas de economia, ambiente, segurança e comunicações, com destaque para o programa de biocombustíveis.
Também deve pedir para as companhias aéreas americanas obterem mais autorizações de vôo entre Brasília e cidades do Nordeste e os EUA. Em Brasília, a secretária pode enfrentar protestos da UNE (União Nacional dos Estudantes), que pretende ostentar diante do Planalto um painel vermelho com a frase: "A América Latina tem seu destino. Fora Rice, senhora da guerra!".


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