São Paulo, quinta-feira, 13 de março de 2008

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Informe da OEA terá versões distintas sobre bombardeio

Após visita a países, secretário-geral diz que discrepâncias entre Bogotá e Quito seguem; comissão visita plantio de coca na divisa

Insulza defende futuros acordos bilaterais e de luta antidroga; fumigação é mais um ponto de tensão entre Equador e Colômbia

DA REDAÇÃO

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), o chileno José Miguel Insulza, afirmou ontem que ainda há "discrepâncias" entre as versões de Bogotá e Quito sobre o ataque colombiano ao acampamento das Farc no Equador, no último dia 1º -uma delas é sobre o ponto exato do qual partiu o bombardeio que matou o número dois da guerrilha, Raúl Reyes.
Apesar das divergências, Insulza frisou que o relatório final a ser produzido pela comissão da OEA que encerrou ontem visita aos dois países "vai pôr ênfase nas coisas que se possa fazer para que esses fatos não voltem a ocorrer". O informe vai ser analisado pelos chanceleres dos países-membros da OEA na segunda, em Washington.
Em reunião na semana passada, a OEA reafirmou o princípio de inviolabilidade do território dos Estados -num gesto de apoio ao argumento equatoriano. A Colômbia pediu desculpas pela violação, e a fase mais aguda da crise teve fim.
Mas o problema de fundo permanece e a OEA terá pela frente o trabalho de chegar a acordos bilaterais sobre parâmetros de combate ao narcotráfico e controle da fronteira, em meio a acusações de tolerância e ligações políticas da guerrilha com o governo equatoriano de Rafael Correa.
Quito nega ligações ou tolerância dos militares com as Farc. Diz querer permanecer "neutro" no conflito.
Ontem, Insulza se reuniu com o presidente colombiano, Álvaro Uribe, que apresentou sua versão do incidente. No dia anterior, liderou visita da comissão da OEA a áreas de plantação de coca na fronteira com o Equador e se disse alarmado com a extensão dos cultivos.
O secretário-geral elogiou a mudança nas fumigações dos plantios -antes eram feitas com aviões, sob protestos equatorianos pelas conseqüências humanitárias e ambientais, e agora é um processo manual.
"Entendemos que é preciso muito mais colaboração para combater esse problema regional", disse. Apesar de o Plano Colômbia (que recebe fundos dos EUA) ter reduzido a área cultivada, a produção de cocaína segue estável na Colômbia, afirma a ONU, porque aumentou a produtividade.
A comissão da OEA também conversou com ex-guerrilheiros na área. Um deles, ex-integrantes das Farc e hoje parte de um programa de desmobilização do governo Uribe, acusou militares equatorianos de colaborarem com a guerrilha em reportagem de ontem do jornal espanhol "El País".
Também ontem, a Colômbia entregou os computadores que seriam de Raúl Reyes a técnicos da Interpol (polícia internacional), chamados a corroborar a autenticidade dos dados.


Com agências internacionais


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