São Paulo, sábado, 13 de abril de 2002

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QUEM ENTRA

Novo presidente interino, Carmona é representante do empresariado neoliberal

DA FRANCE PRESSE, EM CARACAS

O economista Pedro Carmona, 60, líder da ofensiva oposicionista que solapava o governo de Hugo Chávez, emergiu ontem como o presidente do governo de transição venezuelano.
Diretor da Fedecámaras, entidade que representa o empresariado, tem uma longa trajetória no setor petroquímico e identifica-se com a velha política tradicional, tendo militado no partido democrata-cristão Copei.
Em sua carreira, destacam-se os cargos de direção em empresas petroquímicas. No setor público, Carmona foi presidente do Conselho Consultivo Empresarial Andino (2000-2001) e membro do Conselho de Direção do Instituto de Estudos Superiores de Administração de Empresas (Iesa), uma das mais respeitadas entidades entre as autoridades econômicas neoliberais locais.
Além disso, Carmona já exerceu cargos no Ministério das Relações Exteriores e foi delegado negociador em foros internacionais do comércio exterior.
Nascido em Barquisimeto, centro-oeste da Venezuela, em 1941, Carmona tornou-se conhecido, em novembro de 2001, ao contestar um pacote de 49 leis promulgadas por decreto no limite da vigência dos poderes especiais outorgados ao então presidente, Hugo Chávez, pela Assembléia Nacional, de maioria governista. As leis mais polêmicas do pacote eram as relativas à terra, à pesca e aos derivados do petróleo. Foram muito mal recebidas pelo empresariado, que as considerou estatizantes.
Carmona enfrentou o presidente, convocando uma greve nacional de 12 horas para 10 de dezembro. O êxito dessa paralisação reativou a oposição política venezuelana e propiciou uma escalada de ações que radicalizou a situação no país.
Desde então, as aparições públicas de Carmona nos meios de comunicação foram se multiplicando, quase sempre tecendo críticas a Chávez, e sua imagem se transformou em ponto de referência da oposição.
Piloto amador, casado e pai de um filho, Carmona intensificou anteontem a pressão sobre o presidente, exigindo sua renúncia e liderando marcha de dezenas de milhares de opositores em Caracas. O dramático impasse chegou a seu clímax sangrento quando foram registrados enfrentamentos entre opositores e partidários de Chávez, enquanto supostos partidários do presidente disparavam contra a multidão, deixando pelo menos 15 mortos e 95 feridos.


Tradução de Clara Allain


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