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QUEM ENTRA
Novo presidente interino, Carmona é representante do empresariado neoliberal
DA FRANCE PRESSE, EM CARACAS
O economista Pedro Carmona, 60, líder da ofensiva oposicionista que solapava o governo
de Hugo Chávez, emergiu ontem como o presidente do governo de transição venezuelano.
Diretor da Fedecámaras, entidade que representa o empresariado, tem uma longa trajetória
no setor petroquímico e identifica-se com a velha política tradicional, tendo militado no partido democrata-cristão Copei.
Em sua carreira, destacam-se
os cargos de direção em empresas petroquímicas. No setor público, Carmona foi presidente do
Conselho Consultivo Empresarial Andino (2000-2001) e membro do Conselho de Direção do
Instituto de Estudos Superiores
de Administração de Empresas
(Iesa), uma das mais respeitadas
entidades entre as autoridades
econômicas neoliberais locais.
Além disso, Carmona já exerceu cargos no Ministério das Relações Exteriores e foi delegado
negociador em foros internacionais do comércio exterior.
Nascido em Barquisimeto,
centro-oeste da Venezuela, em
1941, Carmona tornou-se conhecido, em novembro de 2001, ao
contestar um pacote de 49 leis
promulgadas por decreto no limite da vigência dos poderes especiais outorgados ao então presidente, Hugo Chávez, pela Assembléia Nacional, de maioria
governista. As leis mais polêmicas do pacote eram as relativas à
terra, à pesca e aos derivados do
petróleo. Foram muito mal recebidas pelo empresariado, que as
considerou estatizantes.
Carmona enfrentou o presidente, convocando uma greve
nacional de 12 horas para 10 de
dezembro. O êxito dessa paralisação reativou a oposição política venezuelana e propiciou uma
escalada de ações que radicalizou a situação no país.
Desde então, as aparições públicas de Carmona nos meios de
comunicação foram se multiplicando, quase sempre tecendo
críticas a Chávez, e sua imagem
se transformou em ponto de referência da oposição.
Piloto amador, casado e pai de
um filho, Carmona intensificou
anteontem a pressão sobre o
presidente, exigindo sua renúncia e liderando marcha de dezenas de milhares de opositores
em Caracas. O dramático impasse chegou a seu clímax sangrento quando foram registrados enfrentamentos entre opositores e
partidários de Chávez, enquanto
supostos partidários do presidente disparavam contra a multidão, deixando pelo menos 15
mortos e 95 feridos.
Tradução de Clara Allain
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