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ANÁLISE
Queda de Chávez revela os poderes da estatal petroleira
DO "FINANCIAL TIMES"
A Petróleos de Venezuela
(PDVSA), estatal petroleira venezuelana, ajudou a derrubar Hugo
Chavez, de modo que deixou claro que seu poder não deveria ter
sido subestimado. No entanto,
acreditar que a empresa poderia,
com a mesma facilidade, derrubar o controle da Organização
dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) sobre o volume de
produção de óleo é provavelmente um exagero.
Claro, Chavez era um dos homens fortes da Opep. Quando ele
assumiu a presidência, em 1998, o
petróleo cru Brent estava cotado a
US$ 10 o barril e o petróleo cru pesado que a Venezuela extrai tinham preço bem inferior a esse, a
cotação principal do mercado de
Londres. A derrocada dos preços
se seguiu à batalha da Venezuela
com a Arábia Saudita por uma
maior participação no mercado
de petróleo. Tal crise, enfim, contribuiu para a queda de 6,1% no
PIB venezuelano, em 1999.
A economia venezuelana uma
vez mais dirige-se para uma recessão. Mas, dessa vez, o petróleo
está cotado em torno de US$ 25 o
barril, em parte graças à influência da Venezuela sobre a Opep e
países produtores de petróleo que
não são parte da organização, como o México. Um colapso nos
preços seria brutal para a economia, e qualquer governo não eleito que decidisse abandonar as cotas de produção estipuladas estaria cometendo um ato de loucura.
A estatal que manda no país
Outro fator que restringe as
ações da PDVSA é o fato de que a
empresa dispõe de um excedente
de apenas 500 mil barris diários
para bombear além de sua cota de
2,5 milhões de barris ao dia. Não é
por nada que a empresa detestava
Chavez: o ex-presidente a privou
de fundos para investimento.
No entanto, os acontecimentos
recentes provam que a PDVSA
não pretende se comportar como
cachorrinho obediente de ninguém. Há quem diga que a estatal
trata a Venezuela como uma subsidiária. Chavez se deu mal ao rejeitar o anseio da empresa por independência operacional, como é
o caso da estatal brasileira do petróleo. Como qualquer outra petroleira, a empresa quer produzir
mais. Isso significa que é possível
que exceda as cotas definidas pela
Opep, mas provavelmente não o
suficiente para causar um colapso
nos preços do produto.
O que se pode afirmar com alguma segurança é que a incerteza
eliminará parte do presente ágio
nos preços do petróleo, uma alta
que vinha sendo atribuída à coesão dos integrantes da Opep. Para
os produtores, há o risco de que
isso perturbe os fundos de hedge,
que têm posições precárias no
mercado futuro de petróleo.
Tradução de Paulo Migliacci
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