São Paulo, terça-feira, 13 de abril de 2004

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EUA limitam informação e criticam TVs árabes

DA REDAÇÃO

Está cada vez mais difícil conseguir informação imparcial no Iraque. Com a intensificação da luta, autoridades americanas acirraram uma outra batalha, pela opinião pública, controlando rigidamente o fluxo de informações.
Os militares americanos divulgam comunicados e realizam "briefings" quase diários na capital iraquiana. No entanto, a distância entre o que é dito e as informações que chegam do terreno cresceu muito nas últimas semanas. Muitas perguntas endereçadas aos militares encarregados de lidar com a imprensa ficam sem respostas.
Em nenhum outro lugar a guerra da mídia é mais evidente do que em Fallujah, onde, na semana passada, os marines lançaram uma operação em resposta ao assassinato seguido de mutilação dos corpos de quatro americanos.
Esquivando-se de perguntas sobre vítimas civis, o vice-chefe de operações do Exército americano, general Mark Kimmitt, descreveu a ação em Fallujah como "tremendamente precisa, tremendamente prudente, e completamente dentro das regras de combate".
As poucas imagens independentes que saíram da cidade cercada sugerem o contrário. Imagens gravadas pela agência de notícias Reuters, que demoraram um dia para chegar a Bagdá, mostravam crianças mortas e velhos e mulheres feridos em clínicas improvisadas lotadas.
Kimmitt diz não ter informações precisas sobre vítimas civis e nega que os Estados Unidos retenham dados sobre as atividades militares. "A única coisa que não divulgo são as [informações] classificadas. Acho que desenvolvemos aqui uma operação extremamente transparente."
Em entrevista coletiva anteontem, Kimmitt afirmou que os veículos da mídia que disseram que os americanos são responsáveis por grandes números de vítimas civis deveriam ser ignorados. "Sobre as imagens de forças americanas e da coalizão matando civis inocentes, meu conselho é que mudem de canal. As emissoras que estão exibindo americanos matando mulheres e crianças não são canais legítimos."
Ontem, o comandante das forças americanas no Iraque, o general John Abizaid, acusou as redes árabes Al Jazira e Al Arabiya de mentir sobre os ataques em Fallujah. "Elas não estão sendo honestas, não estão sendo precisas. Está absolutamente claro que as tropas estão fazendo seu melhor para proteger os civis e ao mesmo tempo atingir os alvos militares."
Jihad Ballout, porta-voz da Al Jazira, disse que a TV também entrevistou oficiais americanos, "para ser o mais equilibrada possível". "Não acredito que as imagens mintam. Nós tentamos ser o mais abrangente que pudemos."
"Sabemos que o Iraque é um país livre e estamos praticando a responsável liberdade da imprensa que cobre todos os lados da história", afirmou Salah Negm, editor-chefe da Al Arabiya.


Com agências internacionais


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