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Sob pressão, Bush dá entrevista hoje
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Criticado em duas frentes -a
da Guerra do Iraque e a dos esforços pré-11 de Setembro-, o presidente George W. Bush anunciou
que realizará hoje à noite sua primeira coletiva de imprensa formal do ano para, segundo disse,
discutir a atual situação no Iraque, onde os EUA enfrentam um
levante de sunitas e xiitas.
Bush tem sido criticado por ter
deixado a cena pública na semana
passada, refugiando-se no seu
rancho no Texas, justo quando os
EUA sofriam os piores ataques no
Iraque desde a tomada de Bagdá,
há pouco mais de um ano.
A possibilidade de a atual administração levar adiante seu plano
de transferência de soberania para os iraquianos no fim de junho
tem sido questionada, embora
Bush já tenha dito que não abre
mão de realizá-la.
Esse tipo de coletiva formal só
aconteceu duas vezes sob Bush
-um mês após os ataques do 11
de Setembro e na véspera da invasão do Iraque, em 2003.
"Atravessamos um período crítico no Iraque e o presidente anseia por falar com o povo americano", disse um porta-voz.
Em outra frente, numa manobra para tentar diminuir o volume de críticas sobre a suposta falta de atenção da Casa Branca às
ameaças terroristas antes do 11 de
Setembro, Bush disse ontem que
"talvez seja o momento" para reformar os serviços de inteligência.
A declaração reforça a tentativa
feita pela assessora de Segurança
Nacional da Casa Branca, Condoleezza Rice, de atribuir a "falhas
estruturais" de comunicação entre o FBI (polícia federal dos
EUA) e a CIA (agência de inteligência) parte da responsabilidade
pelos lapsos de segurança que
permitiram os atentados.
Pressionado, o governo liberou
no sábado um documento recebido pelo presidente em 6 de agosto
de 2001 que alertava sobre atividades da Al Qaeda dentro dos EUA,
mencionando a possibilidade de
seqüestro de aviões e a "observação", feita pela organização terrorista, de prédios em Nova York.
Mas o documento também dizia que o FBI estava realizando 70
investigações sobre as ações da Al
Qaeda no país. A administração
Bush tenta agora empurrar para o
órgão supostas falhas que possam
ter permitido os ataques.
Em entrevista ao lado do presidente do Egito, Hosni Mubarak,
que visita os EUA, Bush disse esperar recomendações da comissão independente sobre possíveis
reformas. "Os depoimentos são
positivos, particularmente quando tratam de pontos fracos do sistema [de inteligência]."
Os ex-diretores do FBI Louis
Freeh e Thomas Pickard vão depor hoje na comissão parlamentar que investiga as medidas tomadas pelo governo antes do 11
de Setembro. Em artigo no "Wall
Street Journal", ontem, Freeh reagiu à tentativa de atribuir falhas
ao órgão, afirmando que o FBI
"realizou seu trabalho de perseguir terroristas, sempre com o objetivo de impedir seus ataques". E
disse: "A questão para a comissão
é saber por que nossa liderança
política declarou guerra à Al Qaeda só depois do 11 de Setembro".
Retirada israelense
Bush e Mubarak declararam
considerar positiva a retirada de
Israel da faixa de Gaza -anunciada pelo premiê israelense, Ariel
Sharon-, mas afirmaram que a
medida não substitui a aplicação
do plano de paz que prevê a criação do Estado palestino em 2005.
Bush se encontrará com Sharon
amanhã para discutir a execução
do plano.
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