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Produtos americanos já são comuns
MARC FRANK
DA REUTERS, EM HAVANA
O ex-presidente Jimmy Carter
poderá se surpreender durante
sua viagem a Cuba, iniciada ontem, ao perceber que a ilha está
inundada de pessoas, dinheiro e
produtos americanos, apesar dos
40 anos de embargo comercial
imposto por Washington.
A presença americana explodiu
nos anos 90 em um país onde,
uma década antes, possuir dólar
era crime -e cachorro-quente,
chiclete e manteiga de amendoim,
considerados emblemas ianques,
não eram encontrados em nenhum lugar.
Não há um McDonald's no aeroporto José Martí, em Havana,
onde Carter desembarcou, mas
produtos americanos -com preços em dólar, não em peso- são
abundantes. O ex-presidente vai
perceber que cartões de crédito
americanos são aceitos em qualquer lugar, incluindo o hotel Santa Isabel, onde ele está hospedado.
Carter também aprenderá com
os empregados do hotel que ele
certamente não é o primeiro cidadão dos EUA a colocar os pés em
Cuba ou a se hospedar no Santa
Isabel, embora a maioria dos
americanos esteja proibida de visitar a ilha caribenha.
Segundo o ministro do Exterior
cubano, Felipe Perez, cerca de 200
mil americanos provaram o fruto
proibido no ano passado. Isso coloca os EUA no terceiro lugar, depois do Canadá e da Alemanha,
no ranking de turistas estrangeiros que visitam o país.
Cambaleante pelo impacto econômico causado pelo colapso da
União Soviética, seu maior aliado,
Cuba começou na década de 90 a
promover o turismo internacional, dando boas-vindas aos americanos e ao seu dinheiro.
O então presidente Bill Clinton
facilitou as viagens de americanos
de origem cubana e outros cidadãos dos EUA, apesar do embargo que proíbe americanos de gastarem dólares na ilha.
Clinton permitiu ainda que cubanos-americanos enviassem dinheiro a seus parentes. Essas
transferências foram autorizadas
também por Fidel Castro.
"Essas transferências familiares
representam um incremento de
US$ 800 milhões na entrada de
moeda estrangeira", disse Phil Peters, observador de Cuba do Instituto Lexington, de Washington.
Estima-se que, no ano passado,
150 mil visitantes dos EUA tenham obtido licença do Tesouro
americano, que regulamenta o
embargo, para ir à Cuba. Cerca de
120 mil deles eram cubanos-americanos que foram visitar seus parentes. Outros 50 mil americanos
presumivelmente foram à ilha
sem permissão do governo.
Segundo a "Economic Eye on
Cuba", publicação semanal do
Conselho Econômico e Comercial
EUA-Cuba, de Nova York, Carter
pode até montar um portfólio de
ações relacionadas à Cuba.
"O Tesouro autorizou que pessoas jurídicas e físicas invistam
em empresas estrangeiras que
mantêm uma fatia minoritária de
negócios em Cuba", explica John
Kavulich, presidente do conselho.
Mais de 10% da Nestlé está nas
mãos de americanos. A empresa
opera uma joint venture de água
mineral em Cuba, que detém
mais de 90% do mercado local.
Carter e sua delegação deverão
consumir muito dessa água para
combater o calor tropical cubano
durante sua estadia.
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