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ORIENTE MÉDIO
Comitê Central do Likud ignora apelo do premiê contra a resolução, que limita o seu poder de negociação
Partido de Sharon rejeita Estado palestino
DA REDAÇÃO
O Likud, partido de direita do
premiê israelense, Ariel Sharon,
aprovou resolução ontem em Tel
Aviv que rejeita a criação de um
Estado palestino.
A medida é uma derrota para o
premiê, que recentemente defendeu a criação de um Estado palestino no longo prazo, e uma vitória
de seu principal rival dentro do
Likud, o ex-premiê Binyamin "Bibi" Netanyahu.
A resolução deve pressionar
ainda mais Sharon a endurecer a
posição israelense numa eventual
retomada das negociações de paz,
já que, para manter-se na liderança do partido nas eleições do ano
que vem, terá de respeitar a votação de ontem do Comitê Central.
Netanyahu, que defendeu ontem a expulsão do líder palestino
Iasser Arafat dos territórios palestinos e rejeitou qualquer tipo de
Estado palestino, é seu principal
rival pela liderança.
Sharon se opôs veementemente
à resolução, argumentando que
ela aumentaria a pressão internacional sobre Israel e ataria suas
mãos nas negociações com os árabes. Segundo ele, a medida era
"perigosa para o Estado de Israel e
complicará nossos esforços diplomáticos". Embora o partido não
tenha poder para remover Sharon
do cargo, analistas foram unânimes ao dizer que a resolução o enfraqueceu.
Poucos delegados votaram contra a resolução em Tel Aviv, que
dizia: "Nenhum Estado palestino
será criado a oeste do rio Jordão",
um referência à área que inclui Israel, Cisjordânia e faixa de Gaza.
O Likud, que lidera um governo
de "união nacional" junto com o
Partido Trabalhista (centro-esquerda) e partidos de extrema direita, sempre se opôs a um Estado
palestino, mas Sharon disse recentemente que, sob condições
bastante restritas -recusadas pelos palestinos-, ele estaria disposto a reconhecer tal Estado,
chegando a chamar a sua criação
de "inevitável".
No encontro de ontem em Tel
Aviv, ele estava bem mais cauteloso. "Não estamos falando no momento de um Estado palestino. Isso não está incluído na agenda do
dia", disse ele.
Ao invés da resolução que foi
aprovada, Sharon havia proposto
que fosse votada uma moção de
apoio a seu governo e seus esforços por paz e segurança. A proposta foi rejeitada por 59 a 41. A
resolução contra o Estado palestino teve aprovação quase unânime
dos delegados, que votaram erguendo os braços.
Sharon disse que acataria a decisão do partido, mas acrescentou:
"Seguirei liderando o Estado de
Israel e seu povo de acordo com
as mesmas idéias que sempre me
guiaram -a segurança do Estado
e de seus cidadãos e o nosso desejo de uma paz verdadeira".
Sharon ontem voltou a exigir o
fim da violência palestina para haver progresso verdadeiro nas negociações de paz. E voltou a descartar o diálogo com Arafat, a
quem acusa de apoiar e estimular
o terrorismo palestino. "Não pode haver paz com terror ou com
um homem do terror", disse o
premiê israelense, referindo-se a
Arafat.
Reação palestina
Saeb Erekat, principal negociador palestino, disse que a resolução do Likud ameaça qualquer
chance de acordo entre Israel e os
palestinos. "O objetivo final [de
Israel]" agora está claro", disse ele
à TV CNN. "A guerra atual não é
contra o terrorismo, mas pela
continuação do domínio israelense sobre 3,3 milhões de palestinos.
Isso é bastante perigoso, e eu espero que sirva para abrir os olhos
do mundo para que vejam com
quem estamos lidando", afirmou.
"Quantos palestinos acordarão
amanhã e pensarão que não têm
nada a perder? Espero que sirva
para abrir os olhos do presidente
[dos EUA, George W.] Bush", disse o palestino.
Netanyahu
O ex-premiê Netanyahu, bastante aplaudido no tenso encontro em Tel Aviv, recusou qualquer
forma de Estado palestino. "Está
claro agora que nós não podemos
alcançar nenhum tipo de solução
com os palestinos", disse ele.
"Um Estado [palestino]" com todos os direitos de um Estado, isso
não pode ocorrer, não com Arafat
nem qualquer outra liderança,
hoje ou no futuro", afirmou o ex-primeiro-ministro.
Pesquisas de opinião mostram
que a maioria dos israelenses
aceita a criação de um Estado palestino após negociações de paz e
com garantias de segurança.
Com agências internacionais
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