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FBI diz que tríplice fronteira
representa "ameaça terrorista'
AUGUSTO GAZIR
de Buenos Aires
O diretor do FBI, Louis Freeh,
que chega hoje ao Brasil, vai criar
constrangimentos ao governo do
país quando afirmar que a região
de fronteira comum entre Brasil,
Argentina e Paraguai representa
uma "ameaça terrorista".
"Discutiremos isso amanhã
(hoje) no Brasil. Essa região não é
só uma ameaça de violência, é
uma ameaça terrorista", disse ontem o diretor do FBI -departamento federal de investigação dos
EUA-, em entrevista na Casa Rosada (sede do governo argentino).
A declaração de Freeh, que faz
uma série de visitas a países do
continente sul-americamo, é contrária ao que pensa o governo brasileiro sobre o tema e significa
apoio à opinião argentina.
Em discurso na Casa Rosada, ele
afirmou que o FBI terá "participação ativa" na investigação de terrorismo na chamada região da tríplice fronteira.
Para a Argentina, a região, com
presença de imigrantes árabes, é
um foco de terrorismo. Ali poderiam ter sido planejados os atentados contra a embaixada de Israel
(1992) e contra uma entidade judaica (1994), ambos em Buenos
Aires.
O governo brasileiro rechaça essa hipótese e argumenta que não
foram encontradas evidências de
atividade terrorista no local.
Os representantes brasileiros
querem reforçar a segurança na
região para combater o narcotráfico e o contrabando. Parte das armas ilegais que chegam ao Rio,
por exemplo, passa por ali.
Em 1996, Brasil, Argentina e Paraguai criaram um comando único para fiscalizar a fronteira comum. Em março deste ano, os três
países firmaram um plano de segurança para a região.
Segundo a Folha apurou, o problema do terrorismo não foi enfatizado no plano, como era o desejo
da Argentina.
Nas negociações, a delegação argentina propôs, por exemplo, o
controle na fronteira de todas as
pessoas de descendência árabe. O
Brasil recusou, por considerar a
proposta discriminatória.
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