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TIGRE EM CRISE
Vítimas teriam sido baleadas pela polícia, que reprimiu ato estudantil contra o governo, em Jacarta
Confronto deixa 4 mortos na Indonésia
das agências internacionais
Ao menos quatro estudantes foram mortos e 20 ficaram feridos
ontem, em Jacarta (capital da Indonésia), em confrontos com a
polícia ocorridos em meio a protestos contra o governo.
Os choques começaram quando
os estudantes da Universidade
Trisakti tentaram sair do campus
para chegar ao Parlamento.
A violência se agravou no momento em que polícia investiu
contra os manifestantes para, segundo testemunhas, evitar o espancamento de um suposto espião
que teria sido identificado.
Um protesto com 5.000 pessoas
havia sido realizado horas antes na
universidade, e grande parte do
grupo já havia se dispersado.
Um analista militar disse à agência de notícias "Reuters" que, em
meio a golpes de cassetete e explosões de bombas de gás lacrimogêneo, podiam ser ouvidas detonações de munição real, a provável
causa da morte dos estudantes.
Após os choques, dezenas de
pessoas se reuniram às portas do
necrotério do hospital Sumber
Waras, para onde foram levados
os manifestantes baleados.
Um diplomata que não quis ser
identificado afirmou que o número de mortos pode chegar a cinco.
A Anistia Internacional, grupo
de defesa dos direitos humanos,
criticou o governo pelas mortes. O
regime de Suharto tem sido acusado de sequestrar líderes estudantis
para torturá-los.
As mortes de ontem são as primeiras de estudantes na onda de
protestos que atinge o país. Na semana passada, ao menos dez pessoas morreram na cidade de Medan, onde manifestações degeneraram em ataques e saques contra
estabelecimentos comerciais.
Ontem, protestos contra o regime de Suharto aconteceram também fora da capital indonésia.
Na Universidade de Bandung,
120 km a leste de Jacarta, a polícia
deu tiros de advertência para conter os cerca de mil manifestantes.
Os enfrentamentos deixaram cerca de dez feridos. Em Kupang,
1.875 km a leste da capital, dois estudantes ficaram feridos depois
que a polícia disparou bombas de
gás lacrimogêneo contra 300 deles.
Os universitários da Indonésia, o
quarto país mais populoso do
mundo (200 milhões de habitantes), realizam há três meses manifestações em que pedem a renúncia do presidente Suharto e a realização de reformas econômicas.
O país, afetado pela crise asiática, enfrenta desemprego e inflação
crescentes, o que alimenta a insatisfação generalizada contra Suharto, no poder há 32 anos.
O presidente, que participa de
cúpula de líderes de países emergentes no Egito, já disse que reformas políticas terão de esperar o
fim de seu novo mandato, previsto
para durar até o ano 2003.
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