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MÚSICA
'A Pedra do Filósofo' e 'O Daroês Benemérito' eram atribuídas a outros compositores
Historiador credita óperas a Mozart
de Washington
Duas óperas quase desconhecidas e compostas em 1790, último
ano da vida de Wolfgang Amadeus
Mozart, foram em grande parte
criadas por ele, segundo David
Buch, historiador da música da
Universidade de Northern Iowa,
meio-oeste dos EUA.
O resultado de sua pesquisa, endossada por um dos maiores especialistas em Mozart do mundo, o
musicólogo Neal Zaslaw, da Universidade de Cornell, vai ser publicado na próxima edição do respeitado Cambridge Opera Journal.
Sua pesquisa revela que Mozart
trabalhava em projetos coletivos
com outros músicos de seu tempo.
Embora outras obras menores
inéditas de Mozart tenham sido
descobertas no passado, todas tinham sido compostas quando ele
era criança ou adolescente. A descoberta de Buch está sendo considerada a mais importante referente ao autor e pode fazer com que
vários pesquisadores se ponham
em campo atrás de novos achados.
Buch estava preparando um livro a respeito do sobrenatural como tema de óperas do século 18,
quando se defrontou, na biblioteca da Universidade de Hamburgo,
na Alemanha, com as partituras
originais de "A Pedra do Filósofo"
e "O Daroês Benemérito" (daroês
é a designação de um tipo de religioso muçulmano), ambas produzidas para o Teatro da Ópera de
Viena em 1790, a pedido do seu diretor, Emanuel Schikaneder, que
também havia comissionado a
Mozart "A Flauta Mágica".
Segundo Buch, a composição de
"O Daroês Benemérito" era atribuída a Schikaneder e a de "A Pedra do Filósofo" a um grupo de
compositores. Mas ele afirma ter
evidência suficiente para provar
que ambas foram compostas quase inteiramente só por Mozart.
As partituras que Buch examinou não estavam disponíveis para
a pesquisa nem no século 19 nem
até pouco tempo atrás, quando a
Rússia, que as havia colocado em
Leningrado após as terem tomado
da Alemanha na Segunda Guerra
Mundial, as restituiu a Hamburgo.
Vários especialistas em Mozart
acham possível que a análise detalhada de milhares de originais de
óperas na Alemanha e na Áustria
venha a revelar outros trabalhos
compostos por Mozart nunca antes atribuídos a ele. Ao que parece,
a produção coletiva de óperas era
mais comum no século 18 do que
se pensava até há pouco tempo.
Buch diz que sua descoberta vai
permitir uma interpretação nova
de "A Flauta Mágica". Muitos dos
rituais esotéricos da ópera costumavam ser considerados como
alusões à maçonaria. Segundo
Buch, podem ser elementos ligados à tradição dos contos-de-fada.
(CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA)
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