São Paulo, domingo, 13 de junho de 2004

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EUA não investem na ajuda como prevenção ao terror, diz relatório

ELIZABETH BECKER
DO "NEW YORK TIMES"

Apesar de o governo George W. Bush ter afirmado que Estados fracassados são terrenos procriadores de terroristas, a Casa Branca está fazendo muito pouco para melhorar esses países e reduzir o risco que representam para a segurança americana. Essa é uma das conclusões de um relatório produzido pela Comissão sobre Estados Fracos e Segurança Nacional dos EUA.
"A premissa subjacente é que temos de agir agora", diz Stuart Eizenstat, co-presidente da comissão e ex-conselheiro-chefe para política interna do presidente Jimmy Carter (1977-81). A comissão incluiu 30 republicanos e democratas especialistas em desenvolvimento e segurança.
Essa não é a primeira vez em que se associa gastos em ajuda a desenvolvimento com ameaças à segurança nacional. Mas, desde os ataques do 11 de Setembro, o governo tem caminhado em diferentes direções no campo da ajuda ao desenvolvimento, afirma o relatório -encomendado pelo Centro para Desenvolvimento Global, uma organização sem fins lucrativos de Washington.
Ao invés de focar a ajuda desenvolvimentista para Estados fracassados, o governo criou uma nova conta de desenvolvimento para ajudar nações pobres com um comprovado histórico de apoio à democracia e de combate à corrupção. Estados fracassados -aqueles que de maneira geral não conseguem garantir segurança para seus cidadãos ou território e que são vistos por sua população como corruptos e ilegítimos- não se qualificam para receber essa ajuda.
No Orçamento deste ano, a Casa Branca pediu um aumento de mais de US$ 1 bilhão para a Aids e assistência às nações mais pobres, enquanto requisitou uma elevação de US$ 21 bilhões para o Departamento da Defesa -não incluídos aí pedidos suplementares para operações no Iraque.
Essa diferença exemplifica os temores da comissão de que o governo e o Congresso confiam demais na força militar e não o bastante na ajuda ao desenvolvimento para combater o terrorismo.
A comissão recomendou que um novo Departamento de Desenvolvimento -com status ministerial- seja nomeado para coordenar os esforços do país nessa área. A comissão notou ainda que os EUA são um dos "menos generosos de todos os doadores, proporcionalmente na relação entre suas economias e seus gastos públicos, com ajuda ao desenvolvimento".


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