São Paulo, quinta-feira, 13 de julho de 2000


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TERRORISMO
Grupo, que luta pela formação de Estado basco, realiza ataque no centro comercial da capital espanhola
Carro-bomba do ETA fere 12 em Madri

Associated Press
Manifestantes gritam palavras de ordem em manifestação contra os atentados terroristas do ETA que reuniu mil pessoas em Madri


ELIZABETH NASH
DO "THE INDEPENDENT", EM MADRI

Terroristas do grupo separatista ETA (sigla em língua basca para Pátria Basca e Liberdade) explodiram um carro-bomba no coração comercial de Madri na manhã de ontem, ferindo 12 pessoas e demolindo as fachadas de duas importantes lojas.
Entre os feridos havia um policial que verificava um veículo suspeito pouco antes que as autoridades recebessem uma advertência quanto à explosão iminente.
A bomba, contendo 15 quilos de explosivos, foi detonada na praça Callao, perto da avenida Gran Vía, entre a imensa loja de departamentos El Corte Inglés e a loja de livros e discos Fnac.
A área é um dos locais mais movimentados de Madri, usualmente lotada de madrilenos e turistas. Mas o momento escolhido para a explosão -pouco antes do amanhecer- resultou num número relativamente baixo de feridos.
Dois mendigos dormindo em soleiras de portas e um entregador estão entre os feridos. Um israelense de 52 anos foi o único ferido grave, com fratura da bacia e ferimentos por estilhaços de vidro em suas pernas.
Os separatistas bascos já haviam visado o local no passado, em 1995, matando um policial. A explosão de ontem ocorreu no terceiro aniversário da morte do vereador conservador Miguel Angel Blanco, na aldeia basca de Ermua. O assassinato levou milhões de espanhóis às ruas em uma onda sem precedentes de indignação.
Ontem, os espanhóis voltaram a protestar. Cerca de mil pessoas participaram de manifestações na praça Puerta del Sol, no centro de Madri, próximo ao local do atentado. O ato foi convocado pelo Movimento Contra a Intolerância. Sob um cartaz no qual se lia "Pela paz, não ao ETA", os manifestantes, após dez minutos de silêncio, gritaram palavras de ordem contra o grupo terrorista.

Armadilha
A polícia especula que os terroristas possam ter planejado a explosão como uma armadilha, atraindo policiais deliberadamente ao local para que sofressem o máximo de impacto.
Telefonemas anônimos recebidos às 6h informaram que a bomba seria detonada meia hora depois. Após dez minutos, aconteceu a explosão.
A área ficou coberta de destroços e vidro quebrado, nos quais os policiais e bombeiros se afundavam até a cintura enquanto limpavam as ruas e derrubavam fragmentos perigosos das fachadas arruinadas dos edifícios. As ruas próximas foram fechadas, causando caos na hora do rush.
Horas mais tarde, caminhões continuavam a remover o entulho, e o calçadão ligando as lojas à Puerta del Sol, no centro da cidade, continuava fechado.
Foi o mais recente episódio de uma série de ataques terroristas nos quais cinco pessoas morreram, desde que o ETA abandonou seu cessar-fogo em dezembro do ano passado, após 14 meses de trégua.


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