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São Paulo, domingo, 13 de julho de 2003

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"Cantamos a realidade do país", diz compositor

DA REDAÇÃO

Os "narcocorridos" não fazem apologia do narcotráfico, apenas retratam a realidade vivida hoje na Colômbia. Quem diz é Uriel Henao, 34, líder do grupo mais popular do gênero hoje na Colômbia, Uriel Henao y Los Tigres del Sur. A banda, com dez músicos, já chegou a se apresentar para platéias de 25 mil pessoas. "Na Colômbia há de tudo, e não podemos tampar a realidade com uma peneira", afirma Henao.
Leia a seguir a entrevista que concedeu à Folha, por telefone:

Folha - Vocês fazem apologia do narcotráfico ou do estilo de vida dos narcotraficantes?
Henao -
Não, de jeito nenhum. Não cantamos sobre os que estão vivos, mas sobre personagens históricos, como Pablo Escobar. Gente que fez história no país. Não fazemos apologia do delito, apenas cantamos a realidade que vive nosso país. Convertemos isso em canções, com muito sucesso.

Folha - Mas as músicas não podem exercer algum tipo de influência sobre as pessoas?
Henao -
Na Colômbia há de tudo, e não podemos tampar a realidade com uma peneira. Sabemos que existem narcotraficantes, guerrilheiros, paramilitares.

Folha - E vocês, pessoalmente, têm contato com essas pessoas retratadas nas músicas?
Henao -
Viajamos por muitas partes do país, e onde quer que se vá há guerrilheiros, paramilitares e traficantes. Às vezes podem nos convidar para trabalhar em uma festa, e não sabemos se as pessoas são narcotraficantes ou qualquer outra coisa. Mas dizer que temos contato ou relações próximas com essas pessoas é mentira. Você chega num lugar onde não conhece ninguém, é difícil identificar quem é guerrilheiro ou traficante. Nós trabalhamos, recolhemos nosso dinheiro, tomamos o avião e até logo.

Folha - Qual a razão do sucesso dos narcocorridos, em sua opinião?
Henao -
As pessoas se identificam. Por exemplo, se há gente que vive de raspar coca, você canta um tema como "Corrido del Cocalero", eles ouvem e gostam. Ou então, com "La História del Guerrillero y del Paraco", tanto guerrilheiros como paramilitares escutam e gostam.

Folha - Vocês sofrem algum tipo de perseguição?
Uriel Henao -
Não existe nenhum tipo de restrição legal aos narcocorridos, mas as TVs e rádios não querem veicular nossas músicas.

Ouça narcocorridos colombianos e mexicanos na
www.folha.com.br/031771

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