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ORIENTE MÉDIO
Premiê reúne-se com Peres e busca apoio para seu plano de saída unilateral de Gaza após perder maioria parlamentar
Sharon convida trabalhistas para coalizão
DA REDAÇÃO
O premiê israelense, Ariel Sharon, ganhou o apoio do veterano
líder trabalhista Shimon Peres ontem para tentar criar um governo
de união nacional capaz de levar
adiante o plano de retirada israelense da faixa de Gaza.
Num alerta aos rebeldes dentro
de seu próprio partido, o Likud,
Sharon ameaçou convocar eleições antecipadas se eles não endossarem seus esforços para ampliar a base de apoio do governo e
garantir a retirada unilateral.
Enfraquecido pela saída de antigos aliados de extrema direita, furiosos com o plano de retirada,
Sharon convidou Peres e seu Partido Trabalhista, de centro-esquerda, a estudar a possibilidade
de formar uma coalizão que possa
implementar a retirada dos colonos judeus do território ocupado.
"Vamos entrar em negociações",
disse Peres a parlamentares trabalhistas. "Precisamos sair de Gaza e
desmontar os assentamentos."
Sharon e Peres, amigos há décadas, apesar de sua rivalidade política, se reuniram no café da manhã para discutir a formação da
coalizão. Peres disse que a continuidade das negociações dependerá de ele conquistar hoje a aceitação de seu partido.
A iniciativa anunciada por Sharon de "desengajamento" unilateral do conflito com os palestinos
prevê o abandono dos 21 assentamentos judaicos existentes em
Gaza e de quatro dos 120 que existem na Cisjordânia até o final do
próximo ano. Os dois territórios
foram capturados na guerra árabe-isralenese de 1967. O gabinete
israelense aprovou o projeto de
retirada depois de Sharon ter exonerado dois ministros de extrema
direita, mas a atitude custou ao
premiê a maioria no Parlamento
da qual vai precisar, no próximo
ano, se quiser implementar as fases do plano apoiado por EUA,
União Européia e ONU.
Os palestinos vêem a saída de
forma positiva, mas querem que
seja coordenada com eles.
Num sinal de quão vulnerável
Sharon se tornou, a oposição empatou com sua coalizão governista numa moção de desconfiança
sobre a política econômica do governo, votada ontem. Ele tem apenas 59 das 120 cadeiras do Knesset
e só permanece no poder graças
ao apoio de setores trabalhistas
favoráveis à saída de Gaza.
Sharon disse a membros do Likud que desconfiam da aliança
com os trabalhistas que, sem
apoio suficiente da coalizão atual,
terá que conquistar o Partido Trabalhista. "Se vocês não quiserem
nem uma coisa nem a outra, teremos que partir para eleições."
Como preço pelo apoio, Peres,
Prêmio Nobel de 80 anos de idade, exigiu uma retirada mais rápida e também conversações com
os palestinos, que temem ganhar
Gaza às custas de um domínio israelense maior sobre a Cisjordânia. De acordo com fontes, outro
obstáculo é que Peres gostaria de
voltar a chefiar a Chancelaria, mas
a exoneração do chanceler atual,
Silvan Shalom, poderia fortalecer
a oposição a Sharon, 76, no Likud.
A possibilidade de o Partido
Trabalhista entrar para o governo
já provoca reações de repúdio entre likudistas, muitos contrários à
entrega de qualquer território e
que vêem o plano de Sharon como "uma recompensa ao terror
palestino".
Pesquisas apontam que a maioria dos israelenses é a favor da retirada de Gaza, onde 7.500 colonos judeus vivem em encraves
fortemente vigiados entre 1,3 milhão de palestinos.
O Partido Trabalhista e o Likud
formaram um pacto frágil durante o primeiro mandado de Sharon, entre 2001 e 2003, mas se distanciaram por causa do financiamento dos assentamentos.
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