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Equador investiga negócios da Petrobras
Procuradoria apura acusação, feita pelo governo, de que a estatal transferiu ilegalmente ações a uma empresa japonesa
Relatório do governo diz também que companhia explora ilegalmente campo na Amazônia equatoriana; Petrobras nega as acusações
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Uma comissão formada pelo
governo equatoriano, do presidente Rafael Correa, de esquerda, acusou a Petrobras de ter
realizado transferências ilegais
de ações no país e sugeriu uma
análise sobre a pertinência de
anular o contrato de exploração de um bloco de petróleo. A
denúncia está sendo investigada pela Procuradoria Geral do
Estado.
As supostas irregularidades
da empresa brasileira envolvem o processo de venda de
parte das ações do bloco 18 à
empresa japonesa Teikoku, iniciada em 2005, e à exploração
ilegal do campo Palo Azul, que
estaria fora da jazida a que a Petrobras tem direito.
Localizado na região amazônica equatoriana, o bloco 18
produz cerca de 32 mil barris
diários de petróleo e passou ao
controle da Petrobras em 2002,
que o adquiriu da empresa argentina Perez Companc.
Inicialmente, o procurador-geral do Equador, Xavier Garaicoa, disse que havia a "conclusão evidente" de que a transação com a Teikoku foi realizada
sem o trâmite adequado do Ministério de Energia e Minas do
Equador. De acordo com a lei, a
operação deveria ter sido informada à pasta.
"Provavelmente, teremos de
pensar na caducidade do contrato", disse Garaicoa na terça-feira, em entrevista a um canal
de TV equatoriano.
Em nova entrevista anteontem, desta vez ao jornal "El Comercio", o procurador-geral
deu uma versão diferente: disse
que a transação foi notificada
oficialmente e que a investigação é apenas sobre a exploração
do campo Palo Azul.
Nova ofensiva
A venda de 40% das ações da
Ecuador TLC para a Teikoku já
havia sido investigada durante
o governo Alfredo Palácio, com
parecer da Controladoria Geral
do Estado favorável à Petrobras
em dezembro.
O caso, no entanto, foi retomado sob o governo Correa,
que assumiu em janeiro. O ex-ministro de Energia Alberto
Acosta, que deixou o governo
há duas semanas para se candidatar à Assembléia Constituinte, criou uma comissão para investigar o caso.
Recentemente, a imprensa
equatoriana divulgou uma carta escrita por Acosta a Correa
pouco antes de renunciar ao
cargo na qual exortava o presidente equatoriano a iniciar investigações sobre possíveis irregularidades cometidas pela
Petrobras e uma "eventual sanção de anulação" do contrato
do bloco 18.
No governo, Acosta foi um
duro crítico da Petrobras. Em
entrevista à Folha em janeiro,
disse que a Petrobras não era
considerada parceira preferencial por se tratar de uma estatal
mista, e não totalmente controlada pelo governo brasileiro.
Em nota, a empresa brasileira informou que ainda não recebeu nenhuma notificação
oficial nem foi procurada pela
comissão de Acosta, mas negou
qualquer irregularidade em
suas operações no Equador.
Antecedentes
As investigações envolvendo
a Petrobras foram comparadas
pela comissão do governo ao
rumoroso caso da empresa
americana Occidental (Oxxy),
no ano passado, ainda no governo Alfredo Palacio. O contrato foi declarado nulo pelo
governo equatoriano porque a
empresa não notificou a venda
de ações a uma empresa canadense, a Encana.
A multinacional, que teve
cerca de US$ 1 bilhão de investimentos confiscados, está processando o Equador no Centro
Internacional para Arbitragem
de Disputa sobre Investimento
(Ciadi), órgão que faz parte do
Banco Mundial .
O procurador Garaicoa, no
entanto, afirmou anteontem
que se trata de casos sem paralelo, ao contrário do que sugere
a comissão de Acosta.
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