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GUERRA SEM LIMITES
Secretário da Defesa estuda uso em todo o planeta de forças especiais com "permissão para matar" terroristas
EUA planejam ações militares clandestinas
THOM SHANKER
JAMES RISEN
DO "THE NEW YORK TIMES"
O secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, está estudando
maneiras de expandir a participação das forças especiais militares
americanas numa campanha global contra o terrorismo. Entre as
possibilidades, está a de mandá-las para várias partes do mundo
em ações clandestinas, à revelia
até mesmo dos países envolvidos.
Essas operações clandestinas
seriam justificadas, argumentaram as autoridades do Pentágono
(comando militar americano, subordinado a Rumsfeld), pela necessidade de travar "uma nova
guerra, que não conhece fronteiras". O principal objetivo, ao menos por enquanto, seria capturar
ou matar os líderes da Al Qaeda,
disseram fontes do Pentágono.
Outras autoridades americanas,
porém, temem que esse tipo de
proposta leve os militares a se envolver em operações secretas que
tradicionalmente são conduzidas
pela CIA (agência de inteligência)
sob um rígido controle legal -as
missões são definidas por diretrizes secretas apresentadas ao Congresso pelo presidente.
Discute-se também o quanto essas operações especiais entrariam
em conflito com as ordens presidenciais proibindo assassinatos.
Nos governos passados, houve
um claro esforço de distinguir entre as atividades de combate e
operações especiais e as missões
levadas a cabo pela CIA. A linha
que as separa vem gradualmente
ficando menos claras, enquanto a
campanha antiterrorista começa
a exigir maior cooperação entre
os serviços de inteligência e as autoridades militares.
Rumsfeld disse, inclusive, que
pode ser necessário que essas diretrizes secretas presidenciais autorizem o emprego de "força letal" nas missões, para que as operações especiais possam capturar
ou matar membros da Al Qaeda
no país em que estejam. "Estamos
em guerra com a Al Qaeda, se encontrarmos um combatentes inimigo, temos de poder usar forças
militares em ações contra eles",
disse um militar.
Não há planos formais escritos
por Rumsfeld, pois as discussões
estão ainda numa fase inicial, mas
ele deve apresentar logo um quadro de propostas ao presidente
George W. Bush. O secretário da
Defesa está frustrado com o insucesso em destruir a Al Qaeda.
Uma diretiva secreta enviada
recentemente pelo Pentágono ao
Comando de Operações Especiais
afirmou que mais dinheiro, equipamentos e pessoal seriam considerados, caso o presidente e o secretário da Defesa o liberasse para
atacar os terroristas em lugares
além do Afeganistão.
Autoridades de fora do Pentágono afirmam que Rumsfeld está
tentando aumentar os limites das
operações especiais, ocupando
áreas até de contra-inteligência
política e operações clandestinas
normalmente cobertas pela CIA.
Donald Rumsfeld estaria também insatisfeito com o fato de a
CIA ter criado laços com os chefes
de clã do Afeganistão havia mais
de dois anos antes de 11 de setembro, mas essas ligações muitas vezes acabaram interferindo de modo negativo nas tentativas que os
militares fizeram de se aproximar
dos afegãos.
Soldados americanos têm historicamente sido emprestados para
missões dirigidas pela CIA. No
Afeganistão, um membro de alta
hierarquia no Departamento da
Defesa disse que a idéia era a de
formalizar uma "relação mais
próxima", com as forças especiais
participando de modo mais ativo
nas operações de inteligência e
nas operações de "ação direta"
-ou seja, que usem força letal.
Unidades especiais
Bush, como Bill Clinton, antes
dele, já autorizou diretrizes de uso
da força letal contra Osama bin
Laden e membros da Al Qaeda.
Uma das missões pouco convencionais dos militares americanos -em especial os Boinas Verdes, que ficaram famosos por terem sido retratados no cinema-
tem sido a de treinar Exércitos estrangeiros ou guerrilheiros para
combater terroristas.
Outros dois grupos altamente
secretos estão sendo designados
para o combate ao terrorismo: a
unidade especial conhecida como
Força Delta e o grupo naval conhecido como Seal Equipe Seis.
Essas duas unidades desempenharam um importante papel na
ofensiva que resultou na derrubada do regime do Taleban. Elas
agora poderiam se voltar para as ações secretas. "Elas [as forças especiais] perderam seu foco por causa de suas limitações", disse um oficial americano.
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