São Paulo, terça-feira, 13 de agosto de 2002

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Inspeção da ONU no Iraque acabou, diz Bagdá

DA REDAÇÃO

O Iraque não vê nenhuma necessidade de que inspetores da ONU retornem ao país, afirmou ontem Mohammed Said al Sahhaf, ministro da Informação, insistindo em que as acusações de que Bagdá possui armas de destruição em massa são falsas.
Al Sahhaf também disse à rede de TV árabe Al Jazeera que o presidente George W. Bush está "pisando em areia movediça" no que diz respeito ao Iraque.
As afirmações do ministro iraquiano foram feitas em um momento em que se intensificam as especulações de que os EUA estão se preparando para um ataque contra o Iraque a fim de derrubar o ditador Saddam Hussein.
Recentemente, uma embarcação recebeu ordens para levar equipamentos militares da Europa para a região onde fica o Iraque, e empresas de transporte marítimo disseram ontem que, no final deste mês, os EUA pretendem enviar helicópteros militares e munição para dois portos no mar Vermelho.
O porta-voz da Marinha norte-americana, Ensign David Luckett, negou que o país tivesse feito uma solicitação com esse objetivo.
O departamento responsável pelo envio de equipamentos militares dos EUA não revelou para quais portos os equipamentos iriam, mas empresas de transporte disseram que o destino das armas provavelmente seria algum lugar da Arábia Saudita ou do Iêmen.
O ministro iraquiano descreveu os líderes da oposição que participaram de reuniões em Washington recentemente como "um produto americano ruim".
"O trabalho da ONU em relação ao Iraque já foi cumprido. Eles dizem que ele não foi cumprido. Afirmam que ainda falta alguma coisa. Podemos responder a essas alegações", afirmou Al Sahhaf. Sobre a acusação de que o Iraque ainda tem armas de destruição em massa, disse: "Isso é mentira... As inspeções no Iraque terminaram".
Bagdá vem enviando sinais diferentes -e, às vezes, contraditórios- sobre sua suposta permissão para que o inspetor de armas da ONU Hans Blix vá ao Iraque com o objetivo de pôr fim ao impasse sobre o desarmamento.
O retorno dos inspetores é uma exigência-chave do Conselho de Segurança da ONU, e especialmente dos EUA, que descreveram o convite a Blix como uma manobra e acusaram o Iraque de tentar reconstruir seu programa de armas e de apoiar o terrorismo.
Bush, que defende a derrubada de Saddam, ameaçou tomar medidas -que não especificou- se os inspetores não puderem retornar ao Iraque.
Em resposta aos comentários de Al Sahhaf, Philip Reeker, porta-voz do departamento de Estado dos EUA, disse que o Iraque se recusa a manifestar sua posição em relação à volta dos inspetores e encarar suas obrigações. "O Iraque precisa se desarmar", declarou Reeker.


Com agências internacionais


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