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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Hamas e Mártires de Al Aqsa assumem ações terroristas, mas reafirmam trégua; Israel e EUA pressionam Mazen

Suicidas palestinos matam 2 israelenses

Robi Kastro/Associated Press
Mulher e criança feridas ontem em ataque terrorista em Rosh Haayin são levadas de maca para o hospital Belison, em Petah Tikva


DA REDAÇÃO

Dois israelenses foram mortos ontem em dois atentados suicidas palestinos realizados com uma diferença de menos de uma hora entre eles, interrompendo uma relativa calma iniciada há seis semanas com uma trégua declarada por grupos terroristas palestinos.
Os ataques, promovidos por dois palestinos de 17 anos, foram em um supermercado em Rosh Haayin, próximo a Tel Aviv, e em Ariel, uma das principais colônias judaicas da Cisjordânia. Eles representam mais um entrave na já difícil implementação do plano de paz, apoiado pelos EUA, que exige da Autoridade Nacional Palestina (ANP) o desmantelamento dos grupos terroristas.
Os atentados provocaram a morte de um homem de 42 anos que fazia compras com dois filhos no supermercado de Rosh Haayin e de um soldado de 18 anos que esperava um ônibus num ponto em Ariel. Outras onze pessoas ficaram feridas.
Em um comunicado divulgado em sua página na internet, o braço armado do grupo terrorista islâmico Hamas se responsabilizou pelo ataque na Cisjordânia, dizendo que era uma vingança pela morte de dois de seus membros em uma ação do Exército israelense na cidade palestina de Nablus, na semana passada.
As Brigadas dos Mártires de Al Aqsa,ligadas ao Fatah, grupo político do presidente da ANP, Iasser Arafat, disseram ter realizado o ataque ao supermercado pela mesma razão. Os dois terroristas eram de Nablus.
Os dois grupos disseram que a trégua na Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense, iniciado em setembro de 2000) continua. Decretada em 29 de junho, ela não interrompeu a violência -sete pessoas do lado israelense e 15 do palestino, incluindo três terroristas suicidas- já morreram desde então. Mas o único atentado suicida dentro do território israelense nesse período havia sido cometido em 7 de julho, quando uma mulher de 65 anos foi morta perto de Tel Aviv.
Pesquisas mostram grande apoio palestino à trégua, o que vem inibindo os terroristas.
O premiê de Israel, Ariel Sharon, disse após os ataques que as negociações de paz não levarão a lugar nenhum se a ANP não controlar os grupos terroristas.
"No final das contas, os palestinos podem não alcançar o que eles querem alcançar, porque se o terror não parar completamente, Israel não poderá continuar com o processo [de paz], apesar de seu intenso desejo de fazê-lo", disse.
O vice-premiê israelense, Ehud Olmert, disse, porém, que Israel não abandonou o plano de paz, apesar dos ataques.
Em Washington, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, lamentou os ataques e disse que o governo americano continuará trabalhando por um acordo de paz entre Israel e a ANP. "Nunca chegaremos lá enquanto houver pessoas participando de atividades terroristas. E prevemos uma resposta a atividades terroristas, que são necessárias para a autodefesa", disse Powell.
Mais tarde, o porta-voz do Departamento de Estado Philip T. Reeker condenou os atentados e afirmou que a ANP "precisa agir já para desmantelar os grupos terroristas".
O premiê palestino, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), interrompeu uma visita a países do golfo Pérsico e voltou aos territórios ocupados.
Ele condenou os ataques, mas também responsabilizou Israel pelas contínuas incursões do Exército nas cidades palestinas em busca de militantes procurados. "A Autoridade Palestina trabalhará duro para manter a trégua e a calma", disse Mazen. Enfraquecido politicamente e temendo ser visto como um agente israelense, ele vem tentando convencer os terroristas a suspender os ataques sem o uso da força.
Os atentados de ontem também levaram Israel a adiar a libertação de 76 prisioneiros palestinos, alguns dos quais já haviam sido levados a um ônibus para deixar a prisão onde estavam.
A ANP cobra a libertação de milhares de prisioneiros, alegando que isso reduziria a popularidade dos grupos que se opõem ao plano de paz. Mas Israel diz que libertará apenas algumas centenas e que aqueles acusados de atos terroristas não serão soltos. O plano de paz não prevê a soltura.

Com agências internacionais

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