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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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VIDA DE SUICIDA

Ambos eram camelôs e moravam na mesma rua, mas não se conheciam, segundo os pais

Terroristas tiveram trajetória similar

DA ASSOCIATED PRESS

Os dois homens-bomba adolescentes palestinos que mataram dois israelenses em dois ataques separados ontem viveram vidas consideravelmente parecidas, embora suas famílias digam que eles não se conheciam. Ambos tinham 17 anos, eram vendedores ambulantes e viviam na mesma rua, com algumas quadras de distância um do outro.
Em ato final quase sincronizado, com menos de uma hora de diferença de um para o outro, ambos deixaram para trás cenários de explosões grotescos, matando a si próprios e a uma pessoa cada em uma cidade israelense e em um assentamento judaico na Cisjordânia, distantes 18 km um do outro.
Mas enquanto os vizinhos chamavam um dos jovens de "mártir", a mãe do segundo prometia vingança contra os líderes islâmicos que o enviaram à morte.
Um dos suicidas adolescentes, Khamis Gerwan, cresceu numa casa em uma viela do campo de refugiados de Askar, num dos extremos de Nablus, na Cisjordânia. Ele vendia sapatos na rua e tornou-se um membro das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, ligado ao Fatah, grupo político do líder palestino Iasser Arafat.
Ele estava desaparecido havia um dia. Então chegou a notícia: ele se amarrou com uma bomba e se explodiu em um supermercado perto de Tel Aviv.
Sua mãe irrompeu em lágrimas cortantes. Os vizinhos começaram a chegar para lamentar a morte, mas também para celebrá-lo como um "mártir".
Em contraste, algumas casas adiante, outra família enlutou-se com raiva. Islam Qteishat, jovem recruta do grupo terrorista Hamas, se explodiu na entrada do assentamento judaico de Ariel, não muito longe de sua casa.
Sua mãe, Yusra, 40, praguejava por vingança, mas não contra Israel. Ela atacava os terroristas que tomaram seu filho e o enviaram para sua terrível missão.
Há dez anos, seu filho mais velho havia sido alvejado na cabeça quando atirava pedras em soldados israelenses. Ele sobreviveu, mas com danos cerebrais.
Qteishat deixou uma carta e uma foto na qual aparece com uma barba rala e segurando um rifle. Na carta, o jovem terrorista se desculpou: "Não fiquem tristes e me perdoem", disse aos pais e irmãos.
Assim como o outro suicida, ele trabalhava vendendo produtos na rua -livros escolares, canetas e cadernos- para ajudar a família.


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