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São Paulo, quarta-feira, 13 de agosto de 2003

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DIREITOS HUMANOS

Supremo deve analisar o caso em setembro

Congresso argentino inicia debate para anulação de anistia a militares

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

A Câmara dos Deputados da Argentina deu ontem o primeiro passo para anular as leis de Ponto de Final e Obediência Devida, sancionadas pelo ex-presidente Raúl Alfonsín (1983-1989). As leis beneficiam ex-militares que tiveram envolvimento com a última ditadura militar (1976 -1983) e impedem o julgamento de ex-torturadores no país. Se anuladas, estima-se que cerca de 2.400 militares sejam processados por abusos aos direitos humanos.
Ontem, a Câmara iniciou um debate para anular as leis. O projeto conta com o apoio do PJ (Partido Justicialista), ao qual pertence o presidente Néstor Kirchner, partido que tem a maior bancada, além de partidos da oposição. Apenas a UCR (União Cívica Radical) é contrária. Até o fechamento desta edição, o debate não havia terminado. O Senado já adiantou que discutirá o tema na semana que vem.
A anulação das leis é comemorada pelas organizações de direitos humanos e pelo próprio governo argentino, mas, segundo advogados, o Congresso não tem poder para anular as leis, e a medida, mesmo aprovada pelo Senado, não terá aplicação prática.
As leis, ainda de acordo com esses advogados, só perdem a validade se a Suprema Corte determinar que são inconstitucionais. Os ministros do Supremo dizem que só estudarão o tema em setembro.
Ontem, milhares de militantes das organizações de direitos humanos se concentraram na frente do Congresso para acompanhar o debate.
A análise das leis de anistia acontece um dia depois de o presidente Néstor Kirchner ratificar a adesão da Argentina à Convenção Internacional sobre a Imprescritibilidade dos Crimes de Guerra e de Lesa-Humanidade, na ONU (Organização das Nações Unidas). O acordo, de 1968, foi aprovado pelo Parlamento em 1995. Durante a sessão na Câmara, os deputados ratificaram a decisão do governo de aderir ao acordo.
A convenção considera que crimes de guerra, tortura e genocídio são de lesa-humanidade e, por isso, não prescrevem.


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