São Paulo, sexta-feira, 13 de agosto de 2004

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MULTIMÍDIA

The Washington Post - de Washington

"Post" admite falha na cobertura anterior à Guerra do Iraque

EUA - O jornal "The Washington Post" publicou ontem um mea-culpa em que critica a sua própria cobertura durante o período que antecedeu a Guerra do Iraque, quando o governo dos EUA utilizou as supostas as armas de destruição em massa iraquianas e as possíveis conexões do então ditador Saddam Hussein com o terrorismo como justificativas para invadir aquele país.
De acordo com o texto, assinado pelo jornalista Howard Kurtz, apesar de repórteres do jornal à época terem produzido matérias questionando a ocupação americana e se o presidente dos EUA, George W. Bush, teria de fato provas de que Saddam possuía armas proibidas, os editores não deram o devido destaque a esses textos. As reportagens, disse Kurtz, ficaram relegadas às páginas internas -poucas tiveram aproveitamento na primeira página.
"Nós fizemos o nosso trabalho, mas não fizemos o suficiente, e eu me culpo por não ter pressionado mais fortemente", declarou o jornalista Bob Woodward, diretor-assistente de Redação do "Washington Post".
"Nós devíamos ter alertado os leitores de que tínhamos informações cujas bases eram questionáveis. [...] Era exatamente o tipo de declaração que deveria ter sido publicada na primeira página", afirmou Woodward.
"Nós estávamos tão focados em saber o que o governo estava fazendo que não demos a mesma atenção a quem disse que não era uma boa idéia ir à guerra. Foi um erro meu", afirmou o editor-executivo Leonard Downie Jr. "As vozes que levantavam questões sobre a guerra eram solitárias. E nós não prestamos atenção suficiente às minorias."
Uma avaliação da cobertura feita pelo jornal e entrevistas com editores e repórteres envolvidos mostra que o "Washington Post" publicou diversos artigos desafiando a Casa Branca, mas raramente com chamada na sua primeira página. Jornalistas que pediam mais destaque às suas matérias disseram que os editores não se mostravam entusiasmados com os temas.
Segundo o editorial, de agosto de 2002 a 19 de março de 2003, quando a guerra começou, o jornal publicou com chamada na primeira página mais de 140 reportagens com foco na retórica da gestão Bush contra o Iraque, sem questioná-las.
Enquanto a violência continua no pós-guerra e as supostas armas não foram achadas, a mídia recebe críticas por não ter sido mais cética em relação a Bush.


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