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ANÁLISE
EUA têm o direito de atacar o Iraque
JOHN CHIPMAN
ESPECIAL PARA O "FINANCIAL TIMES"
Se decidirem ir à guerra contra o Iraque, os EUA -e qualquer aliado- buscarão estabelecer uma base legal bem fundamentada para justificá-la. Uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU autorizando o uso da força
amansaria todas as críticas.
Alternativamente, os EUA poderiam argumentar que há uma ameaça iminente do uso de armas de destruição em massa pelo Iraque e que um ataque oferece a última chance razoável para prevenir tal uso. Mas adivinhar intenções é difícil -e definir a iminência do risco e a exclusividade da
oportunidade seria controverso.
Outro caminho seria construir a
argumentação com base na história de como as hostilidades com o
Iraque foram interrompidas e no
conteúdo das resoluções do Conselho de Segurança que vieram
depois.
A guerra de 1991 em defesa do
Kuait foi lutada sob a autoridade
da resolução número 678 da
ONU, que autorizava o uso de todos os meios necessários para forçar a retirada do Iraque do Kuait e
restabelecer a paz internacional e
a segurança na região.
Isso teria permitido a mudança
de regime para alcançar esses objetivos. Porém as hostilidades foram suspensas 48 horas depois de
atingido o primeiro objetivo, de
expulsar o Iraque do Kuait.
A guerra não terminou com um
tratado de paz, mas com um cessar-fogo. A resolução 686 da
ONU, aprovada em 5 de março de
1991, estabelecia o pleno cumprimento de todas as resoluções relevantes como condição para o cessar-fogo.
O Iraque aceitou isso e então
veio a resolução 687, aprovada em
3 de abril de 1991, que estabeleceu
os termos e as obrigações que o
Iraque tinha que cumprir. Isso incluía uma demanda para que o
país aceitasse incondicionalmente a destruição e a eliminação de
todas suas armas de destruição
em massa e o compromisso de
não usar, desenvolver ou adquirir
qualquer item relativo a esse tipo
de armamento. A resolução 687
não elimina a autorização para o
uso da força dada anteriormente
pela resolução 678. Isso deve ser
visto como intencional.
As resoluções implicitamente
autorizaram a retomada das hostilidades a qualquer hora em caso
de violações materiais e consistentes dos termos de cessar-fogo.
O Iraque está violando muitos
desses termos e sua contínua posse de elementos de armas de destruição em massa constituem
uma violação particularmente ultrajante que pode ser vista como
uma ameaça à paz e à segurança
internacionais.
Em novembro de 1998, a resolução 1.205 do Conselho de Segurança estabeleceu que o Iraque estava em "flagrante violação" da
resolução 687.
Se os EUA decidirem ir à guerra,
as óbvias violações do Iraque ao
cessar-fogo e a clara e singular
responsabilidade do regime iraquiano pela violação contínua poderiam ser vistos como uma justificativa legal plena para o uso da
força para mudar o regime.
Os EUA precisam esclarecer esse caso o mais breve possível para
conseguir o apoio da opinião pública internacional.
John Chipman é diretor do IISS (Instituto Internacional para Estudos Estratégicos), de Londres
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