São Paulo, segunda-feira, 13 de setembro de 2004

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AMÉRICA DO SUL

Contatos incluem MST

Piqueteiros argentinos se internacionalizam

CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES

Os piqueteiros argentinos se preparam para que o movimento se transforme em uma prática de protesto na América Latina. Os tentáculos dos principais movimentos piqueteiros argentinos já chegaram ao México, à Bolívia, ao Brasil, ao Paraguai e preocupam as autoridades no Uruguai.
No sábado, um ato promovido por militantes de esquerda em Montevidéu (Uruguai) foi liderado pelo piqueteiro argentino Nestor Pitrola, da agrupação Polo Obrero, que anunciou o início do movimento no Uruguai.
Menor e mais pacífico do que os piquetes de Buenos Aires, o ato reuniu 150 pessoas, mas, a exemplo do que ocorre em Buenos Aires, desviou o trânsito e interrompeu passagens nas principais ruas do centro da cidade.
As relações internacionais dos piqueteiros incluem cooperação com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra, no Brasil, o Movimento Aymará, da Bolívia, e a Federação Nacional de Camponeses, do Paraguai, entre outros movimentos urbanos e rurais.
"Queremos formar uma rede latino-americana de movimentos", disse Nina Pelozo, mulher de Raúl Castells, líder do mais radical movimento piqueteiro argentino e preso há duas semanas.
O líder piqueteiro Luis d'Elia, da Federação Terra e Vivenda, disse à Folha que o intercâmbio com organizações de esquerda de todo o continente começou a ganhar força a partir de novembro do ano passado, quando várias agrupações se reuniram no México. O encontro internacional deve se repetir neste ano em Buenos Aires.
"Não foi a primeira vez que participamos de atos no Uruguai. Em 2003, nos unimos à marcha de Montevidéu a Punta de Leste, no protesto contra a privatização do Banco Hipotecário Uruguaio. Também já participei mais de uma vez de protestos organizados pelo MST em Brasília", disse.
Segundo ele, o movimento piqueteiro argentino recebe ajuda financeira de várias organizações européias, como a Comissão Obrera da Espanha, o Comitê Católico Francês contra a Fome e o Movimento dos Sem-Teto da Inglaterra. "Recebemos ajuda até do Movimento Católico da Itália, que é de direita", disse.
De acordo com o líder piqueteiro, nos encontros que promovem há troca de informações, cooperação para capacitação de lideranças, treinamento de análise econômica e palestras. "A globalização também permite um melhor intercâmbio desses movimentos", disse D'Elia.

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