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AMÉRICA DO SUL
Contatos incluem MST
Piqueteiros argentinos se internacionalizam
CLÁUDIA DIANNI
DE BUENOS AIRES
Os piqueteiros argentinos se
preparam para que o movimento
se transforme em uma prática de
protesto na América Latina. Os
tentáculos dos principais movimentos piqueteiros argentinos já
chegaram ao México, à Bolívia, ao
Brasil, ao Paraguai e preocupam
as autoridades no Uruguai.
No sábado, um ato promovido
por militantes de esquerda em
Montevidéu (Uruguai) foi liderado pelo piqueteiro argentino Nestor Pitrola, da agrupação Polo
Obrero, que anunciou o início do
movimento no Uruguai.
Menor e mais pacífico do que os
piquetes de Buenos Aires, o ato
reuniu 150 pessoas, mas, a exemplo do que ocorre em Buenos Aires, desviou o trânsito e interrompeu passagens nas principais ruas
do centro da cidade.
As relações internacionais dos
piqueteiros incluem cooperação
com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra, no Brasil, o Movimento Aymará, da Bolívia, e a
Federação Nacional de Camponeses, do Paraguai, entre outros
movimentos urbanos e rurais.
"Queremos formar uma rede
latino-americana de movimentos", disse Nina Pelozo, mulher de
Raúl Castells, líder do mais radical movimento piqueteiro argentino e preso há duas semanas.
O líder piqueteiro Luis d'Elia, da
Federação Terra e Vivenda, disse
à Folha que o intercâmbio com
organizações de esquerda de todo
o continente começou a ganhar
força a partir de novembro do
ano passado, quando várias agrupações se reuniram no México. O
encontro internacional deve se repetir neste ano em Buenos Aires.
"Não foi a primeira vez que participamos de atos no Uruguai. Em
2003, nos unimos à marcha de
Montevidéu a Punta de Leste, no
protesto contra a privatização do
Banco Hipotecário Uruguaio.
Também já participei mais de
uma vez de protestos organizados
pelo MST em Brasília", disse.
Segundo ele, o movimento piqueteiro argentino recebe ajuda
financeira de várias organizações
européias, como a Comissão
Obrera da Espanha, o Comitê Católico Francês contra a Fome e o
Movimento dos Sem-Teto da Inglaterra. "Recebemos ajuda até do
Movimento Católico da Itália, que
é de direita", disse.
De acordo com o líder piqueteiro, nos encontros que promovem
há troca de informações, cooperação para capacitação de lideranças, treinamento de análise
econômica e palestras. "A globalização também permite um melhor intercâmbio desses movimentos", disse D'Elia.
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