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Corrida agora é por atualização tecnológica
DA SUCURSAL DO RIO
O relatório de 2009 do Sipri
(Instituto de Estudos da Paz de
Estocolmo), divulgado em junho, apontou aumento de 50%
nos gastos militares da América do Sul entre 1999 e 2008,
quase o dobro do crescimento
nos dez anos anteriores.
O Sipri verificou aumento geral dos gastos, em parte devido
ao crescimento econômico do
período. Mas, assim como o
Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (Londres),
evitou falar em "corrida armamentista" tradicional, quando
um passo do inimigo provoca
reação idêntica do outro lado.
Essa decisão não minimiza
os riscos do armamentismo,
mas traduz o fato de os gastos
terem características diferentes em cada país.
A Colômbia, por exemplo,
tem as maiores Forças Armadas (400 mil homens) e o segundo maior orçamento militar (o primeiro é o do Brasil).
Mas, voltada para o conflito interno de mais de meio século,
Bogotá compra pouco equipamento sofisticado.
A debilidade para guerras
convencionais é antiga na Colômbia, relata o historiador
Saul Rodríguez-Hernández,
mas hoje também significa
uma acomodação à aliança com
os Estados Unidos.
"A ameaça [para os vizinhos]
não vem das armas que a Colômbia compra diretamente,
mas sim da relação que tem
com os EUA."
Apesar do Plano Colômbia, o
Exército ainda não tem pleno
controle das fronteiras do país.
Dependeria, contra a narcoguerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), da colaboração de Venezuela e Equador, o que é motivo das constantes fricções e
trocas de acusações entre os vizinhos andinos.
Chávez iniciou uma febre de
compras de caças, tanques e
metralhadoras em 2006, depois de quase 15 anos em que a
Venezuela se armou muito
pouco. Os EUA "praticamente
o jogaram nos braços da Rússia", diz o analista chileno Raúl
Söhr, a respeito do veto a vendas de aviões brasileiros e espanhóis equipados com componentes americanos.
Há temor das aquisições chavistas, principalmente na Colômbia, mas os analistas dizem
que elas não impediriam uma
eventual ação americana, como
o venezuelano diz temer, e que
foram dinheiro mal gasto. "Por
várias razões, incluindo tensões internas e dificuldade de
adequação da tecnologia, a curva de desgaste desse potencial
bélico é muito alta", diz o consultor Salvador Raza.
O Chile foi o país sul-americano que teve, nos últimos
anos, os gastos militares mais
constantes, graças à alta do cobre -por lei, os militares ficam
com 10% das vendas do metal,
destinados à compra de armas.
A despesa pode cair em 2010
com a revogação da Lei do Cobre, segundo projeto em tramitação no Congresso.
No período de abundância,
os militares chilenos foram os
primeiros na região a ter submarinos Scorpène (como os
que o Brasil comprou da França) e caças F-16 americanos.
Esse movimento deu origem
na região a um tipo específico
de corrida armamentista, em
que o novo patamar tecnológico vira referência para os vizinhos. É o que deve acontecer
agora, por exemplo, com a compra pelo Brasil de aviões ainda
mais modernos.
(CA)
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