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Cooperação está no nível mais alto, afirma oficial americano
Para adido de Defesa da embaixada no Brasil, relação é a melhor desde a 2ª Guerra
"O que os brasileiros fizerem é sua escolha. Não estamos preocupados", afirma Willie Berge sobre a nova parceria militar entre Brasil e França
DA SUCURSAL DO RIO
A cooperação militar entre
Brasil e EUA está em seu nível
mais alto desde o fim da Segunda Guerra Mundial, afirmou à
Folha o coronel da Força Aérea
americana Willie Berges, adido
de Defesa da Embaixada dos
EUA em Brasília.
Berges é responsável pela supervisão de todos os programas
da "cooperação de segurança",
que inclui vendas de armas por
intermédio do governo, intercâmbio de pessoal e exercícios
conjuntos. Abaixo, trechos da
entrevista, feita por telefone.
(CLAUDIA ANTUNES)
FOLHA - Como é a sua relação com
os militares brasileiros?
WILLIE BERGES - Todos os números mostram que a cooperação
entre os militares do Brasil e os
dos EUA está em seu nível mais
alto.
FOLHA - Desde quando?
BERGES - Excluindo a 2ª Guerra
Mundial, é o melhor período.
Os números de exercícios e intercâmbios nunca foram tão altos. Subiram dramaticamente
nos últimos cinco anos.
FOLHA - O senhor pode dar exemplos?
BERGES - As vendas militares
por intermédio do Pentágono,
excluindo as compras diretas
com fabricantes, foram de US$
700 milhões nos últimos cinco
anos. Em toda a duração do
programa com o Brasil, que começou nos anos 70, foram de
US$ 1,4 bilhão.
No último ano, pela primeira
vez o Brasil hospedou a Olimpíada das Forças Especiais e
participou de um grande exercício da Força Aérea dos EUA, o
Red Flag. Agora, os brasileiros
nos convidaram para seu principal exercício, o Cruzex [Cruzeiro do Sul].
Estamos fazendo intercâmbios que nunca fizemos antes.
Temos médicos brasileiros em
nossos navios-hospitais, e médicos americanos em navios
brasileiros. Todo alto oficial envolvido com questões da América Latina vem ao Brasil. É
obrigatório, dado a importância de nossa relação.
FOLHA - Os militares americanos
estão preocupados com a compra de
armas da França?
BERGES - O que os militares
brasileiros fizerem é escolha
deles. Nós estamos dizendo que
o nosso F-18 é o melhor aparelho, o mais testado, e que esperamos colaborar com os militares brasileiros por muitos anos.
Não estamos preocupados
[com o acordo com a França].
Todo país tem razões para modernizar suas Forças Armadas.
FOLHA - O senhor diria que há
preocupação de militares brasileiros
quanto a uma cobiça internacional
sobre a Amazônia?
BERGES - Esta questão é mais
política. Ouvimos coisas, mas
não nos meios militares. Os militares brasileiros nunca nos
expressaram esse tipo de preocupação. Eu pessoalmente
nunca ouvi isso de oficiais. Por
causa de toda esta cooperação,
eles se sentem confortáveis em
nos falar diretamente, se tiverem alguma preocupação. Já fizeram isso no passado e continuarão a fazê-lo.
FOLHA - Há uma corrida armamentista na região?
BERGES - Minha opinião pessoal é que não. Todo o país tem
que decidir o que modernizar
em suas Forças Armadas. Como uma pessoa da Aeronáutica,
entendi por que o Chile comprou novos caças -todos os
seus aviões estavam quebrando, e um novo caça, mesmo
mais caro agora, é mais fácil de
manter.
O Brasil precisa de um novo
caça porque os dele são velhos,
usam tecnologia velha.
Há preocupação com proliferação de armas, se elas estão
sendo usadas para o objetivo
com que foram compradas.
Mas seria a única.
Por isso o governo americano
aprovou a venda do F-18, porque não estamos preocupados.
Os militares brasileiros têm
motivos para se modernizar.
FOLHA - A América do Sul não é
considerada uma prioridade para os
EUA. Como os militares americanos
veem a região?
BERGES - O Comando Sul está
muito interessado na região. Se
você for à nossa página na internet, há três palavras que definem nossa missão: segurança,
estabilidade e parceria. Todos
precisamos nos proteger, e
queremos países estáveis e trabalhamos como parceiros.
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